Vem Minha Tristeza

Esta semana concluí finalmente que devia por um ponto final numa amizade que já durava há algum tempo. Percebi que a nossa relação se tem vindo a desgastar, pelos mais diversos motivos, e até o diálogo que antes era aberto e construtivo estava a tornar-se tóxico para ambos.

Hoje deparei-me com a tristeza que esta decisão me trazia. A tristeza não é algo novo, na verdade. Mas pela primeira vez senti-me a abraçar esta tristeza, como se de uma velha amiga se tratasse. Permiti que o meu coração se abrisse a ela, como quem diz “entra, senta-te, bebe um copo”.

Assim fiquei durante minutos, eu e a minha tristeza.

Percebi que faz parte da nossa auto-aceitação, a aceitação das nossas emoções em todos os momentos. Eu tenho uma tendência terrível de querer dar lógica e interpretação a tudo. Deixar ir é muito difícil para mim. Não compreender algo ou alguém, sobretudo se me é querido, é muito difícil para mim. Mas confesso que principalmente nos últimos dois anos, não tenho encontrado motivos muito racionais para tudo o que sinto.

Deixei esta tristeza instalar-se e fazer-me companhia, até me caírem as lágrimas. Não tentei mandá-las embora, não tentei que os meus pensamentos falassem mais alto do que elas… apenas me deixei ficar. Estou triste mas, estranhamente, no fim, fiquei calma… “estás triste e isso não tem nada de errado”… “estás triste, mas vais ficar bem.”

A tristeza não me dominou. Passei por ela e acho que, certamente em breve, nos voltaremos a cruzar… mas, pela primeira vez, senti que depois da tristeza vem um porto seguro.

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