Um Lunático na Minha Cabeça

Ninguém merece um dia como o de hoje. Porquê eu? Porquê? Será porque já não acredito que há um malvado, cruel e vingativo Deus vigiando-me de lá de cima, esperando que eu escorregue na primeira casca de banana estrategicamente deixada algures ali, no chão que estou predestinado a pisar?

Por que motivo acordei esta manhã com aquela sensação de que todas as desgraças do mundo cairão sobre a minha cabeça e nenhuma sobre as cabeças dos demais transeúntes da vida? Há um lunático na minha cabeça…


In Leça da Palmeira

Dias para cima, dias para baixo, uns mais para cima que para baixo, outros mais para baixo que para cima, a vida corre ao ritmo do bater do nosso coração. Este incrível músculo que nunca dói, mas que as pessoas dizem que sim, é vital para a nossa sobrevivência. Curiosamente, nunca na minha vida proferi a frase “dói-me o coração”! A questão aqui é se, durante um ataque de coração, é o coração que dói ou a carne e os ossos à sua volta? Ossos? Os ossos doem? Detesto a dor. Todas as formas dela. A dor dói. É uma dor sentir a dor a doer. Há um lunático na minha cabeça…[1]

Porquê eu? Porquê? Será porque nada mais fiz que caminhar pela vida entre sombras e fugindo de tudo com o que eu supunha não poder lidar? De facto, eu era um crente nos primeiros tempos da minha vida. Bom, todos acreditamos em alguma coisa mas “crente” aqui, neste parágrafo, tem a ver com o ato de acreditar em deus, deuses, Deus ou Deuses. Percorrer a vida entre as sombras é demasiado duro! Milhões de pessoas no mundo o fazem diariamente. Corações valentes, mentes resistentes, esses, os peregrinos entre sombras…

O lunático está agora na relva. Deixa-o estar, deixa-o ir. O meu cérebro não foi gerado para alojar lunáticos. Este cérebro do qual eu nunca disse “o meu cérebro dói”. Será que o cérebro dói? Cérebros a doer seria uma coisa louca com que lidar! Mas não tão mau como cérebros a doer e corações dolorosos de almas perdidas a vaguear no espaço entre mundos sem tempo…

Hoje, não desejo que os deuses estejam comigo…

  1. Sim, há um tema dos Pink Floyd, Brain Damage, que contém frase idêntica mas não é intenção minha falar disso agora. No entanto, pode ver um vídeo com esse tema traduzido para português clicando aqui. Este artigo foi originalmente escrito em inglês, em 2013, 30 de Agosto. Pode lê-lo se clicar aqui.

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