Tinder é um jogo de correspondência de perfis com a intenção de obter via Internet um caso, amoroso ou não. Aderi ao jogo já lá vai algum tempo e confesso, viciei-me tal que nem um puto ou um menos-puto que se vicia em jogos…
“Tinder” é um termo inglês que significa várias coisas entre as quais “correspondência” (match). A ideia é termos à nossa disposição um mostruário do género que preferimos e simplesmente, um a um, mover a respetiva foto para a esquerda, se não gostamos (Nope), e para a direita se gostamos (Like). Ou seja, no caso de eu, macho, procurar uma fêmea, à medida que elas forem aparecendo no meu ecrã se por acaso alguma fizer o meu género, “atiro-a” (swipe) para a direita. Com sorte, se ela me fizer o mesmo, gera-se uma “correspondência” (match) e abre-se um canal de “chat” ou conversa entre os dois. Ou seja, é uma espécie de caça ao Pokémon, um célebre jogo de caça a monstros que nunca me provocou mas que me trouxe carradas de interrogações filosóficas dado o seu poder de viciação. Pokémon, um fenómeno mundial talvez muito superior ao Tinder, lembram-se? Moral da história, poder-se-á dizer que Tinder é a minha caça ao Pokémon…
O Tinder não é gratuito. Tem que se pagar e não é nada barato para gente pobre como eu (20€ por mês numa assinatura de 6 meses). Por isso mesmo, agarrei-me à versão gratuita que é muito limitada mas que por isso mesmo mais desafiadora. Ou seja, tenho que conquistar uma mulher entre biliões com muito menos ferramentas que os gajos que pagam. Adoro estes desafios, confesso! Uma montra rolante de mulheres a que vamos atirando a ver se acertamos. E aquela cena do atira a miúda para a esquerda ou para a direita com o dedo indicador é do caraças, vicia até mais não. Mesmo sendo a minha taxa de sucesso nula, não consigo deixar de parar de jogar. “Francamente, Zé, já tinhas idade para ter juízo” será, imagino, a frase de algumas ladies que conheço caso venham a saber que sofro de tinderolite aguda. Ou grave…
Descrevamos um pouco o Tinder. A inscrição é gratuita e continuar a jogar pode ser gratuito também. O problema da versão gratuita é que a probabilidade de acertar no seu par, se é que procura um par, é inferior à probabilidade de ganhar o euro-milhões. Não interessa, né? Apesar da probabilidade baixíssima de se ganhar o euro-milhões não falta quem gaste dinheiro a jogá-lo. Milhões de jogadores! Porquê? Porque qualquer jogo que é altamente provocador é viciante. Tem a ver com a natureza humana mas não me apetece falar disso. Dizia eu que a probabilidade de se acertar no nosso par ideal[1] é diminuta e não faltam razões para isso. Acima de tudo a principal razão para dificilmente encontrarmos a nossa cara-metade no Tinder é o tipo de frequência deste jogo: 90 por cento dos perfis são falsos (fake). Vejamos quem são as jogadoras, já que eu só procuro as jogadoras:
- a maior parte são putas ou, se preferirem, profissionais do sexo; as chinesinhas de carinha fofa e angelical ocupam um grande espaço nesta categoria; a frase do momento é de facto de um marketing soberbo: “aluga-me no (endereço do site) por 4 horas, 140 euros, tudo incluído”; estas são todas atiradas para a esquerda porque tenho medo deste género de mulher;
- a seguir vêm as gajas que querem sacar dinheiro a gajos que se apaixonam por um bom par de mamas e ficam loucos ao ponto de esbanjar fortunas; na sua grande maioria até nem são gajas reais, são gajos que montam estes esquemas usando fotos que encontram na Internet ou tiram-nas a gajas que querem participar nos esquemas; estas fotos são facilmente detetáveis porque são muito profissionalizadas, vendo-se isso na qualidade da imagem e na postura muito estudada da candidata;
- a seguir vêm as meninas pespiretas que, na faixa etária daquelas que eu classifico de “vintinhas”, já acham que dominam a cena e que homem é burro ou fica ceguinho de todo quando vê um bom par de mamas ou um cagueiro monumental[2]
- a seguir vêm aquelas (pobres) criaturas do sexo feminino que se acham sobremaneira especiais e então definem-se como algo que, se conquistado, será o melhor prémio que um homem pode ter nesta e nas próximas vidas; na minha classificação, são as malucas do Tinder e é-me fácil entender por que razão o usam para procurar um homem; desde as compulsivas praticantes de desportos radicais às praticantes das artes do sub-mundo, há de tudo;
- é então que aparecem as mulheres tímidas e por vezes muito ingénuas com frases de cariz muito feminino que me irritam solenemente; aparentam ser exemplo de pureza, quase Virgens Maria, detentoras da moral e educadoras do bicho homem; normalmente não têm coragem para colocar uma foto sua inventando para o efeito uma qualquer razão cheia de filosofia barata;
- alguns transexuais (transgenders ou trans) e maricas;
- finalmente as mulheres que levam esta cena na desportiva, na base do “se der, deu”, jogando o jogo pelo jogo mas acima de tudo apresentando-se como são; enfim, uma minoria minorca que por isso mesmo são os meus Pokémons preferidos;
Quanto ao meu sucesso neste meu pequeno vício? Zero! Um sénior[3] no Tinder e ainda por cima sem querer pagar um único cêntimo que seja pelo serviço? Não há mulher que me pegue, mesmo sendo eu uma doçura de gajo. Os poucos “matches” que consegui, deram em 2 ou 3 frases trocadas entre os correspondentes e nem sequer um educado adeus… Bem, eu sou educado e nunca saio sem anunciar a minha saída mas que posso eu fazer se a gajita se pira, umas vezes assustada, outras vezes escandalizada e outras porque são mesmo gente sem educação. Apesar de tudo, este é o meu vício de eleição da atualidade. Não resisto a espreitar as pessoas e o meu alvo preferido são as mulheres. E pronto, sinto um prazer especial ao deslizar as gajitas com o meu indicador direito, ora para a esquerda, ora para a direita, ora para cima[4], para ver o que dá.
Finalmente, não é minha missão recolorir as ovelhas negras do rebanho, reconduzir as ovelhas tresmalhadas ou sequer avisar os incautos que o Tinder é como qualquer outra aplicação do género, dá para sermos “comidos” num abrir e fechar de olhos. O Tinder é um sinal dos tempos modernos, daquilo que queremos ser e somos. Estou sujeito a ser “comido” por uma daquelas gajitas cujo melhor atributo, às vezes único, é um par de mamas ou um cagueiro monumental? Sim, estou. Da mesma maneira que estou sujeito a muita coisa em qualquer das aplicações da Internet que uso. Moralismos, não é a minha praia. Conselhos, muito menos. De maneira que apenas digo, se sabe o que está a fazer, o Tinder é como qualquer jogo que anda por aí. Se não sabe, o Tinder é como qualquer jogo que anda por aí…
Que os deuses sejam generosos com os zés…
- Acho esta cena do “par ideal” uma autêntica pacovice mas tá bem, fica bem nesta temática.
- Perdoem-me a linguagem mas estas míúdas cheias de “eu cá sou boa com’ó milho, ó p’ra mim” têm o dom de provocarem o meu mais brejeiro léxico.
- Adoro esta classificação oriunda dos países Centro e Norte da Europa atribuída aos velhotes que nem eu…
- Neste caso é um super-gosto (Super Like) mas na versão gratuita apenas temos direito a 1 por mês.