E de repente todos os partidos da direita à esquerda começam a declarar que a TAP é uma companhia de bandeira! Bandeira? É mesmo? Acenamos com a TAP ao mundo para que o mundo fique a saber que em Portugal mantemos empresas quase falidas durante décadas à custa dum penar diário do povo para as sustentar?
As meninas do Bloco de Esquerda, os conservadores do Partido Comunista e todos os nossos queridos politiqueiros de repente ficaram assustados com o que pode acontecer a 17 milhões de passageiros que utilizam a TAP, às 80 mil toneladas de carga transportada, às 100 aeronaves, aos 14 mil trabalhadores e aos 80 destinos servidos pela TAP[1]. Pânico total! E falta de tomates… E muita invenção, porque em Portugal quando realmente não se sabe o que fazer, inventa-se. E a total incapacidade de fazer contas. Mas acima de tudo medo. E falta de tomates… E muita fé na condescendência do ingenuamente crente zé povinho. Mas afinal, o que pode acontecer se a TAP desaparecer? Simples, outras companhias aéreas sob gestões eficazes assumirão toda essa carga com muito menos carga para nós. Os desempregados procuram novos empregos. As empresas satélites procuram novos clientes. E o mundo continuará redondo e rodando ao ritmo das 24 horas por dia…
A TAP é um buraco financeiro. A TAP é um poço sem fundo de incompetências. A TAP é a vergonha que cada um de nós, dotados de independência suficiente, transporta ao longo da vida por sermos parte de um país sistematicamente pedinte, sem orgulho nacional, sem dignidade individual ou nacional. A TAP será tão viável com uma injeção de 3.2 biliões de euros[2] como já o é desde 1975, um buraco cheio de gentinha contaminada por essa terrível doença que é o funcionalismo público português, uma doença altamente contagiosa para a qual ainda não encontrámos antídoto.
Porque podemos chegar à Madeira e aos Açores sem a TAP. Porque podemos, sem a TAP, chegar a França, Alemanha, Estados Unidos, Angola, Brasil ou qualquer outro cantinho onde existem emigrantes Portugueses. Porque podemos fazer isso tudo sem gastar tanto dinheiro em bilhetes de avião e assim permitir o desvio dos nossos impostos, sinal de suor e lágrimas, para causas bem mais proveitosas para nós próprios, o povo deste país tão cheio de insuficências bem mais vitais. Porque podemos continuar a voar e a ver os outros a voar para cá e para lá sem essa vergonha que tem resultado de acenarmos bandeiras de ineficãcia e ineficiência sistemáticas, tentativamente coloridas de nacionalismos e patriotismos que em lado nenhum da nossa recente histórica conseguimos descobrir.
Gritemos a uma só voz, NÃO aos buracos sem fundo, NÃO à TAP…