Cruzando a 65ª Constelação…

Tenho em mim a convicção de que sou um velho que detesta a frase “velhos são os trapos” porque simplesmente velhos são os seres que envelhecem. Ponto! É o meu lado pragmático no seu clímax, lado esse para o qual durmo melhor. Inevitavelmente começamos a envelhecer no preciso momento em que nascemos, isto assumindo que apenas somos gente nesse mesmo momento. O envelhecimento é tão

Tetralogia Da Aprendizagem em 3 Atos

Num país onde percebo que toda a gente pensa saber, afinal nem toda a gente entende que não sabe. Entre o perceber, entender, compreender e saber, existem aqueles que, como eu, antes de mais percebem. Depois, se se favorecer e aprouver, passa-se a fases como entender, compreender e saber. Estou em crer que quando se compreende está-se em condição necessária e suficiente para deliberar sapientemente

…É Quando Um Homem Quiser -p2

…E enquanto neste vinte-vinte-e-um, deveras perto do fim, não temos feito mais que no finado vinte-vinte, que foi, é e será fugir à doença e ao fenecimento, ajunta-se-lhes uma saraivada de tantos outros prenúncios de drama, quiçá de tragédia, de norte a sul, oriente a poente, pois se assim não fora não estiveramos a falar desta mole da raça animal que teima em ostentar-se como

Gestão De Energia

Qualquer ser vivo envelhece mas nenhum como o Homem sente o peso do envelhecimento! Tudo porque nós, animal humano, temos a inevitável constante percepção de que estamos morrendo lenta e (frequentemente) dolorosamente sem que possamos fazer algo contra isso, por muito que desejassemos contrariar esta terrível oxidação das células que nos conduz ao estado do vegetativismo, se não morrermos antes disso… A principal vantagem da

A Escola, O Fim

Encontrei esta relíquia a vaguear pelo YouTube. Alguém se lembra destes roqueiros de cabelos longos e túnicas à jesus cristo (como eu usava)? Nem por isso né? Em 1979 só existiam mesmo os que são os velhotes de hoje e que estão desaparecendo à conta da nenhuma atenção que se presta aos velhotes neste país… Bom, eu lembro-me bem. A malta, nas típicas festas de

Xico-Esperteza à Tuga

Número de infetados em Portugal continua a subir. Isso aumenta a probabilidade do número de mortos poder continuar a subir. Mas que importa, hem? Todos temos que morrer um dia e as pessoas têm o direito de decidir quando querem morrer e como querem morrer… Não é bem assim mas deixemos as pessoas serem felizes acreditando que são uns iluminados e que sem elas o

Enredado

Entre o é e o devia ser. Entre o foi e o nunca devia ter sido. Entre o ela e a outra. Entre o conceito e o preconceito. Entre a parentalidade e a progenitalidade. Entre o social e o individual. Entre o prazer e a dor. Entre o poderá e o deverá ser. Entre as pedras e as flores. Entre os amigos e a amizade. Entre as inundações e as gotas. Entre o amar e o ser amado. Entre o desejo e o ser desejado. Entre o espaço e o tempo. Entre o ontem e o amanhã.

Maio, o Primeiro

Dia do trabalhador que trabalha. Dia do trabalhador que faz que trabalha. Dia do trabalhador que nunca foi, apenas deseja ser. Dia do trabalhador que é vítima. Dia do trabalhador que se faz vítima. Dia do trabalhador que já foi, não quer voltar a ser. Dia do trabalhador, não do trabalho… Maio primeiro dos primeiros que nunca antes assim foi vivido. O trabalhador não vai

Nação Valente de Resignados Velhos

Agora que caminhamos para a reforma aos 67 anos, pergunta-se: o que vamos fazer a tanta velhice? E deixemo-nos de clichês, que frequentemente papagueamos sem primeiro os analisar: nem só os trapos são velhos! Nós humanos somos velhos, sejamos trapos, farrapos ou cachemira selecionada. Nós, gente transeúnte desta vida sem sentido, envelhecemos. Ponto! E começamos a sentir a nossa velhice aí na zona dos 40

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho É uma constante da vida Tão concreta e definida Como outra coisa qualquer, Como esta pedra cinzenta Em que me sento e descanso, Como este ribeiro manso Em serenos sobressaltos, Como estes pinheiros altos Que em verde e oiro se agitam, Como estas aves que gritam Em bebedeiras de azul. Eles não sabem que o sonho É vinho, é

Bolinhas De Prazer

Foi há 10 anos, aos vinte de março do anno domini nostri Iesu Christi[1], 2009, que escrevi algo sobre as bolinhas de prazer (ver aqui), numa alusão aos meus tempos de fumador crónico, já lá vão 23 anos… Bolinhas de fumo… Bom, de novo às voltas com os meus pulmões. A idade não perdoa e insuficiência respiratória não é, de todo, assunto interessante. A não

Valores da Vida

Os valores da vida são uma coisa da puberdade. Talvez da adolescência mas isso nem sequer é importante. O que é importante é que quando se chega à minha idade, essa cena dos valores da vida já não faz sentido. Valores da vida podem ser muita coisa. O puto da Rua Escura[1] terá os seus. Agora. Porque há 30 anos o puto da Rua Escura

Cidade do Porto