Música: “How To Save A Life”, The Fray
Tenho que aprender a respeitar o silêncio dos meus amigos. Tenho que ter mais confiança no curso natural das coisas. Por vezes acho que não digo tudo o que devo e por isso tenho trabalhado para ser mais assertiva, por dizer o que quero e sinto, na altura em que o meu mal-estar acontece. Mas por vezes isso é pesado para o outro e muitas vezes o outro escolhe o silêncio.
Eu nunca fui muito boa com os silêncios. Para mim o silêncio é ausência de respostas e, consequentemente, é a indiferença, é a falta de consideração pelo outro. Incomoda-me profundamente. Mas por vezes o silêncio é apenas o tempo que a pessoa precisa para se restabelecer, para se reconstruir, para perceber melhor os seus sentimentos e prioridades. Tenho aprendido nos últimos anos que por vezes ganhamos mais em dar espaço ao outro, em deixá-lo recuperar o fôlego. Ironicamente, tenho percebido melhor essa necessidade, porque eu própria preciso desse espaço e desse silêncio.
O desafio, então, é praticar a assertividade de manifestar o meu lado, os meus sentimentos, as minhas dúvidas, mas equilibrar isso com dar espaço ao silêncio. No final, descobri que se estão duas pessoas maduras e genuinamente amigas envolvidas no processo, nenhuma ficará realmente magoada. Ficamos tristes com a quebra da rotina, com o afastamento, com as “idas e voltas” da vida, mas no final temos que confiar que quem vale realmente a pena vai permanecer apesar das lutas, apesar das conversas difíceis, apesar dos silêncios…