Enquanto sentado numa esplanada aqui para o norte, que a despesa de dois euros e meio por um café e uma água Pedras Salgadas me permite, lembrei-me de Moçambique.
Que Moçambique precisa, precisa. Que já precisa há décadas, precisa. Que vai continuar a precisar, vai. Que estamos uma vez mais a reagir, estamos. Sim, assim mesmo, são estas catadupas de imagens mostrando negros e negras, adultos e crianças imersos em toneladas de água que nos fazem reagir. Que nos permitem lembrarmo-nos. Que nos impelem a sermos beneméritos. A sermos candidadamente participativos na ajuda a quem tenta sobreviver numa terra onde deixámos tanto de nós.
E esse é o problema dos Moçambicanos. Nós, tugas[1], fomos uns péssimos descolonizadores, tão maus como colonizadores. Neste aspeto, o das colonizações e das descolonizações, os Moçambicanos podem contudo procurar algum alento no facto de, entre Ingleses, Franceses, Espanhóis e nós, que venha o diabo e escolha mas nós não fomos os piores. No entanto, em nada os ajuda esta tentativa de desculpabilização porque eles, os Moçambicanos, agarram-se a tudo que os permita manterem-se à tona.
Que Moçambique precisa, precisa. Que já precisa há décadas, precisa. Que vai continuar a precisar, vai. Que nós, o mundo acima da tona, precisamos de deixar de nos limitarmos a reagir, precisamos. Que isso não vai acontecer, não vai. Porquê? Porque nós humanos somos fãs incondicionais do show. E agir não dá show. Reagir, principalmente quando um mundo completo está a olhar para nás, dá. Um grande show de vaidade.
Mas antes isto que nada, né?. Então que as toneladas de amor, algum dele (felizmente) bem genuíno, cheguem a bom porto. Porque Moçambique precisa. E nós, tugas, também. Precisamos de mostrar que afinal somos capazes de fazer algo de bem feito por estes territórios Africanos que tanto maltratámos.
Por Moçambique…