Claro, encapotado, mas sim, Portugal é um país de racistas. Angola, Moçambique, Guiné dizem o quê de nós? Racistas…
Não defendo Marega porque sou portista[1]. Defendo Marega porque discriminar com base na cor da pele é das maiores palermices do ser humano. A cor da pele? A origem em África? O cabelo encarapinhado? O nariz achatado? Sim, Portugal é racista…
Somos todos racistas? Não. Eu não sou, tu não és, ele/ela não é, nós não somos. Mas Portugal é. Racista. Colonialista. Xenófobo. Eu sou xenófobo? Não. Eu não sou, tu não és, ele/ela não é, nós não somos. Mas Portugal é.
A Angola preta, o Moçambique preto, a Guiné preta, o Brasil preto, esses todos, são nossos. Nós, brancos. Nós, que fizemos daqueles territórios selvagens uns territórios… Selvagens.
Esse André Ventura irrita-me mas o benfiquista irritante, militante de um partido ainda mais irritante[2], até tem razão. Portugal é acima de tudo hipócrita. Aqueles bocados de caca que ofenderam Marega no jogo de futebol em Guimarães, afinal são apenas o reflexo do que realmente somos, hipócritas.
Eu estive em Angola. Vários anos. Recentemente. E se por um lado há muito Angolano que sofre de um amor-ódio por tuga, o pula[3], por outro eles sabem que somos racistas. Porque ouviram as histórias dos avós, dos bisavós. “Olhar de branco mata” disse-me uma vez a senhora que contratámos como mulher de limpeza. E ela disse-me que isso já lhe tinha sido dito pelos pais. E pelos avós aos pais. E pelos bisavós aos avós. Porra, deixei de olhar para eles diretamente, não sou assassino. Avaliar alguém pela cor da pele é das maiores atrocidades do ser humano…
Que os deuses se pacientem e sejam daltónicos…
- Adepto do Futebol Clube do Porto.
- Chega, um partido político ou… sabe-se lá o quê!
- Angolano chama “pula” ao Português porque eles dizem que Português sempre que as coisas corriam mal “pulava fora”.