Puta Que Pariu Esta Merda

Não será a mais das ofensivas frases do nosso léxico de rua. Haverá com certeza piores e bem mais assertivas. A assertividade, nesta coisa de frases bem populares que contêm caralhadas a torto e a direito, tem a sua piada.

“Ai tal e coisa, eu não digo palavrões”. Eu também não. A última vez que disse “minha puta” com uma dama com quem estava a fazer sexo, não resultou nada bem. Ambos atingimos o orgasmo mas reparei que ela, sem essa frase, teria ido mais longe. Afinal de contas eu nunca transei[1] com uma puta mas, naquela altura, no calor da noite, saiu-me. Mulher é em geral mais contida que nós. Bom, em geral, porque eu já me senti pequenino à beira de mulheres que dominam um certo léxico brejeiro como ninguém.

Mas afinal, seria eu capaz de curtir com uma puta? Não. Impossível. Sinto-me de tal maneira intimidado que a minha “manhood”[2] de lá de baixo não consegue erguer-se para o mundo. Eu sei. Por experiência. Coisa com puta nunca passou de roço porque… Eu não deixei a coisa ir por aí indo. Não dá. Sou intimidado por essa espécie que paga o aluguer e outras coisas mais dando umas quecas e afins com qualquer gajo com pau feito. Eu até gosto de mulher, mesmo. Em toda a sua dimensão. Não qualquer uma. Detestaria que me dissessem que vou com qualquer rabo de saia. Até porque não vou. Mas puta? Não dá. Sinto-me impotente. E homem que se sente impotente vai antes jogar à sueca toda a noite…

Parir é coisa de mulher. Ainda bem. Homem é coisa demasiado feia para parir. Só mesmo ser bonito e bem torneado deveria e deverá parir. A parir é que as mulheres se entendem com os homens. Malta, temos que continuar a espécie. E para isso mulher tem que parir. E para mulher parir, homem tem primeiro que penetrar nos confins da sua “womanhood”[3] e deixar por lá a sementinha. E da sementinha nascerá o homem ou a mulher. Tal e qual riqueza nasce do TotoLoto ou do TotoBola. Ou seja, queremos ser ricos, curtir quanto baste e sermos felizes. Isso. Todos queremos ser felizes. Mas merdosos como somos, complicamos de caraças essa cena. Somos felizes ou talvez não à custa de um preço elevado…

Merda é merdosa. A cena merdosa é feita de merda e merda é tão importante como sexo. Então nós, seres superiores, temos que suspender amiúde as nossas vidas, baixar as calças para nos sentarmos uns minutos para produzir merda? Mas isso não deveria estar reservado aos ruminantes de cuja merda produziríamos adubo? Adubo que seria utilizado para promover o crescimento daquilo que mais tarde vai estar às nossas mesas de snobs merdosos e que depois de processado se transformará de novo em merda que por sua vez será convertida em adubo… Somos tão convencidos que somos o animal que ocupa o topo deste triângulo de poderes, num mundo que é tão merdoso como os que o dominam, mas afinal não passamos de coisinhas produtoras de merda. E temos que a produzir, caso contrário enchemos até explodir e espalhá-la por tudo o que é mundo.

A puta parir merda é que é do caraças. Para já não conheço puta nenhuma. Depois, por isso mesmo, não sei se elas parem merda. Elas cagam merda como qualquer mortal mas… Parir merda? Não sei. Não porque já não tenha comido merda[4] mas porque me soa mal. Não conjuga. Vaca pare bezerro. Mulher pare bebé. Afinal… Quem inventou esta frase?

O Sto. António é uma festa que me irrita. Não porque eu não goste de Lisboa. Gosto. Mas porra, um gajo que se põe a fazer discursos aos peixes? Que merda é esta? Estão a chamar-me burro, ou quê? Espero que seja ou quê. Até porque desatino quando me chamam burro. Puta que pariu os gajos que me chamam burro. Não o sou. Não me reconheço como tal. Mas essa cena das marchas populares faz-me saltar a tampa. Até porque eu imagino que a RTP sabe que isso me faz saltar a tampa e, por isso mesmo, dedica um enorme espaço da sua programação às marchas populares que desfilam nessa noite eminentemente Lisboeta. Hey pá, esqueçam essa cena que Lisboa é Portugal e o resto é paisagem. Essa coisa das marchas e o Marcelo a beijar as boazonas que nelas se exibem irrita gajo do Porto como eu, que é bairrista como a puta que o pariu. Naaaaaa… A minha mãe foi a mulher mais maravilhosa que conheci.

Somos tão malcriados neste fim da Europa a cair no Atlântico…

  1. Palavra brasileira para foda.
  2. Msculinidade.
  3. Feminilidade.
  4. Todos a comemos, “soon or later”.

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