É quando receamos dizer que somos nacionalistas que negamos a nossa Nação. E quando negamos o uso da palavra Pátria recusamos ser patriotas. Evitemos que as palavras vão sendo revestidas com pós e areias diversas ao sabor dos ventos que sempre sopram em direções diversas, com intensidades diversas, mas que em verdade não representam a nossa essência. Evitemos que o nosso orgulho de sermos compatriotas seja tremendamente abafado pelo nosso orgulho de sermos sabe-se lá o quê, sabe-se lá para quê…
Sejamos nacionalistas. Assumamos como sempre deveríamos ter assumido a nação onde nascemos e onde sempre vivemos. Sejamos adeptos fervorosos desta nação que é Portugal. Sejamos nacionalistas porque esta nação Lusitana é o nosso lar. O nosso doce lar. Sejamos nacionalistas porque algo que ultrapassa largamente a nossa racionalidade nos mantém ligados a esta terra, a este mar e a esta gente que é a nossa gente. A gente da nossa terra. E nos faz sentir a sua falta e a ela querer voltar quando não estamos. E nos faz sentir acarinhados, protegidos, confortáveis quando estamos…
Sejamos patriotas porque temos uma Pátria. Porque aceitamos e defendemos laços com estas gentes caminhando sob a mesma bandeira, ao som do mesmo hino, falando a mesma língua. Porque ela reforça o nosso nacionalismo por fazermos parte de uma Nação. A mesma nação de nossos pais, de seus pais e dos pais de seus pais. Dos nossos filhos, quem sabe de seus filhos também e dos filhos de seus filhos. Sejamos patriotas e ostentemos com orgulho, seja lá onde for, as cores das nossas origens, a energia que emana das nossas raízes. Perpetuemo-las através do sangue do nosso sangue…
Travemos o ultraje a tão elevados valores, Nação e Pátria, a utilização abusiva de tão naturais expressões, como nacionalismo e patriotismo, pelos saltimbancos e malabaristas do discurso demagógico, em arquitetados oportunismos sustentados na fragilidade humana de quem nasceu frágil e frágil permanece. Portugal é uma Nação. É uma Pátria. Tem de ser a força que precisamos para nos levantarmos e a uma só voz cantarmos o peito ilustre Lusitano, a quem Neptuno e Marte obedeceram e assim cesse tudo o que a Musa antígua canta, que outro valor mais alto se alevanta[1]. Portugal é uma Nação. É uma Pátria. Tem de ser a unidade que urge recuperar, o brio que queremos inquebrável em ser Português. Porque o ser Português é a nossa raiz. Porque o ser Português tem de ser o cimento que nos une, nos robustece e garante que esta terra continuará a ser o lar, o doce lar, para gerações vindouras que possam sentir o orgulho de fazerem parte de um Portugal que novamente entre gente remota possa edificar novos reinos que tanto possa sublimar[2]. E se outras gentes de outras origens encontrarem na nossa Nação, na nossa Pátria, o calor desse lar, doce lar, pois que deixemo-los vir se por bem o pretendem fazer…
Sétima Legião, 1982-2000, foi uma banda portuguesa de outros tempos, em que compositores e letristas ainda procuravam transmitir valorizados valores e assim incentivarem as nossas mentes a partir para a descoberta de nós mesmos. Os seus valores, claro, e a sua própria valorização! A nós, ouvintes, cabe-nos concordar ou não. Se concordamos, seguimo-los. Se não, não vejo algum motivo para que não se aprecie a sua arte, em forma de notas musicais ou letras. Neste tema, sem letras mas mesmo assim forte porque musicalmente pleno de portuguesismo, eu preferiria o título “Pois que cada um de nós assim o quis”…
Sétima Legião & Amigos, “30 anos de carreira”, 2012, Coliseu dos Recreios, Lisboa.
Foto frontal é um original da nossa galeria (Pitões das Júnias, Montalegre).