Não sei precisar quando terá aparecido esta doença grave da “society” dos tempos que correm mas que se está a tornar grave, isso está. Calcula-se que cerca de 93.2% da população mundial sofre deste mal. Com tendências para aumentar…
As pessoas que não conseguem viver sem inventar pelo menos um problema por hora, são insuportáveis. Irritam-me. Logo, 93.2% da população mundial irrita-me. E porque é este comportamento doentio? Porque é ilógico. Porque é auto-destrutivo. Porque as pessoas gastam a maior parte da sua energia pessoal num processo de auto-destruição e não conseguem sequer reconhecer que são doentes. Bom, esta parte de um doente não conseguir reconhecer que é doente é o comportamento mais habitual, dizem os especialistas. Assim, o portador da patologia do não-problema está a léguas de se ver como uma pessoa doente e, bem pelo contrário, está convencido que os outros é que têm ou são um problema. O portador desta patologia desconhece portanto que a transporta e, pior ainda, desconhece que é um portador de algo perigosamente contagiante. Tem-se constatado que pessoas perfeitamente normais se tornam criadores compulsivos de problemas só pelo convívio com pessoas que sofrem desta patologia.
Há muito boa gente neste mundo que se sente desprezada, perdida, desorientada, se não inventar um problema onde ele não existe para que os outros notem que eles são gente, têm problemas e estão inteligentemente a tentar resolvê-los. Há muito boa gente que não consegue de todo viver no meio da organização porque isso a torna excessivamente vulgar, logo não observada, não notada, neutra e muito igual a muitos outros que na realidade somos. Muitos. Demasiados. E por isso cada um de nós correndo o risco de sermos mais um na longa fila dos “no name”, “no number”, “no face”. A generalidade dos humanos não consegue remeter-se à sua insignificância e por isso constrói o seu próprio mundo de complexidade onde ele tem que liderar, controlar, ser um especial. Ou seja, tudo é complexo porque se não for então tem que passar a ser. Afinal, um homem (ou mulher) sem problemas não existe. Afinal um homem (ou mulher) só é realmente homem (ou mulher) se conseguir resolver os seus problemas. Mas não se resolvem problemas que não não existem. Por isso, inventam-se.
Oh, como me irritam os e as as que ligam o complicador a tempo inteiro. Os e as as que não conseguem viver se não num arfar constante, num suspirar constante, num levanta e senta constante, num vai e vem constante, num olha e desolha constante, num larga e agarra constante, numa correria para trás e para a frente constante, num caminhar para a direita e para a esquerda constante, num ai e num ui constante… Essas criaturas que sempre fazem questão que sejam tidas como coisa indispensável das nossas vidas, como matéria que inflama as nossas existências, como ar que precisamos para respirar, lágrimas que precisamos para chorar, saliva que precisamos para não nos engasgarmos em secura, fluidos que precisamos para fluir por aí fora… E porque estas criaturas horrendas não dão um simples passo, um simples pestanejar ou um simples qualquer coisa sem que isso se torne num problema do outro mundo, essas criaturas tornam a nossa vida, nossa de nós que somos amantes da calma, da paz, do calculismo e da normalidade, num horrendo tic-tac de fim longínquo do tipo “oxalá as 5 cheguem depressa”…
Existe cura? Não!