Os Uns e os Outros

Neste mundo de fragilidades disfarçadas, há os que são frágeis e os que são menos frágeis. E quando o medo impera o melhor mesmo é ficarmos em casa. Apesar de tudo, é o nosso refúgio, onde estamos seguros que a segurança domina…

Quando confinados porque assim direcionados, exaltamo-nos contra o confinamento. Quando desconfinados porque assim direcionados, inventamos mil e uma razões para continuarmos confinados. O medo impera! Afinal, abrem-nos a porta e não queremos sair. É porque há uns e outros que sempre se julgam os iluminados do bairro. E no nosso bairro o melhor mesmo é fazer de conta que somos uns e que há os outros. E uns e outros temos que viver na paz do Senhor, seja lá quem esse Senhor for…

Há uns que dizem que agora há uma nova normalidade. Há outros que estão convictos que normal, normal mesmo é sermos anormais. Há uns que ostentam determinação no domínio da cena. Há outros que não vêem cena nem cenário que os convença. Afinal, não somos os super-homens ou super-mulheres das nossas fantasias. Até porque, afinal, esta cena não é a nossa cena. As pessoas morrem mesmo! Asfixiadas entre tubos e plásticos, e plásticos e tubos, e látex e policarbonatos, e elétrodos e eletrões e tanta outra mais confusão. Há uns que dizem que agora há uma nova normalidade, há outros que estão convictos que normal, normal mesmo é sermos anormais.

Neste mundo de fragilidades disfarçadas afinal até nem somos tão belos assim. Afinal nem estamos tão evoluídos assim. Afinal nem somos nada do que pensavamos ser. Ou somos?! Há uns que pensam que somos e que tudo vai ficar bem. Há outros que no receio de não ficar bem ao dizer que talvez não vamos ficar bem, ficam em casa. Afinal, oxalá não tivessem aberto as portas. Há uns que dizem que as portas nunca deviam ter sido fechadas há outros… Há sempre outros! E sempre há os uns. Os que dizem que as portas fecharam bem mas que por demasiado tempo e afinal… Afinal, há outros que até nem são a favor nem contra!

Ou uns ou outros, somos o que uns e outros são. Em terra de invisuais quem vê um nadinha é rei. Há uns que precisam do rei que os reine, há outros que precisam do rei para que tenham alguém com quem reinar. E ainda há outros que sem rei nem roque vão estando por aí ao sabor de uns e outros. Porque há sempre uns e outros que sempre estão a favor e contra os outros e os uns. Afinal, há outros que até nem são a favor nem contra! E no meio de tantos uns e outros vamos palpitando e fazer palpitar uns e outros ao sabor dos ritmos dos outros. Os outros que não somos, ou se calhar somos porque afinal o importante é ser dos uns se dos outros não for muito conveniente ser. Ó vã memória de tempos quando todos tinhamos que ser fosse lá o que fosse desde que fossemos dos outros. Até porque era proibido sermos os uns…

Vã porque afinal… Há uns que dizem que agora há uma nova normalidade, há outros que estão convictos que normal, normal mesmo é sermos anormais.

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