Os Arautos Da Desgraça

Fora eu um arauto da desgraça e diria por certo que este mau tempo, aqui no norte de Portugal, seria o prelúdio do fim do mundo.

O problema do mundo chegar ao fim no decorrer da nossa vigência como transeúntes deste planeta, não é o fim, ele próprio. É a forma como ele aconteceria que eventualmente me perturbaria. Tal como encaro a morte, que considero uma tipa indiferente. O meu problema é como me relacionarei com ela. De preferência, uma rapidinha. Sem dor nem pavor. Mas os muitos arautos da desgraça que pululam por este nosso território não pensarão assim como eu. Mas pensam com certeza nos cenários mais aterradores para o fim do mundo.

A memória humana é curta ou, prefiro, seletiva. Esta última, seletiva, por um lado até é preferível porque nos protege. Por outro, tem consequências nefastas. Mas esquecer que há uns 40 anos o Porto passava as passas do Algarve durante o inverno, não ajuda muito. Porque o inverno era bem pior que isto e quase todos sobrevivemos. E então quando o Douro galgava as margens, o que acontecia todos os anos porque não havia aquela cena das barragens a regular o caudal do rio, é que eram elas. Que o digam os passarinhos e passarões da Ribeira, o quão dramático era. Às vezes trágico. Mas hoje cá estamos…

O povo português tem uma terrível tendência para o drama. Às vezes a tragédia. Sempre tudo está mal. Ou sempre tudo ‘não está bem’. Tal e qual se canta no nosso Fado, património imaterial da humanidade. Por isso, com esta chuva e este vento possivelmente não passaremos por cá este Natal. E nesse caso não passaríamos também os próximos, dado que a morte não é daquelas coisas com retorno. Um pouco assim como os nossos impostos…

Seremos diferentes algum dia? Só destruindo tudo e recomeçando de novo… LOL.

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