Namorar é um verbo. E namora quem pode. Quem não pode joga à sueca com os amigos…
Se pensarmos no que é hoje o namoro e no que era há 40 anos poderei dizer que as diferenças são superficiais. Na sua essência um gajo quer uma gaja e vai lá. Faz umas cenas parvas, ela ri muito e chama-lhe parvo (o que é óbvio) umas quantas vezes mas vai para casa e antes de dormir não deixa de pensar nele. Depois? Depois é uma confusão tremenda de sentimentos e emoções que sempre foram assim…

A diferença está na forma. Hoje namora-se com mais novas tecnologias. Uma coisa mais à frente que muitos de nós, velha guarda, teremos eventualmente dificuldade em acompanhar. Hoje? Hoje tá-se numa de “olá, tás aí?”, “sim, cheguei agora”, “chegaste agora? o patrão vai-te azucrinar”, “não faz mal, dormi mal porque passei a noite a pensar em ti”, “LOL… e muitos corações”. Pronto! É assim. Claro que o patrão fica chateado porque dois dos seus funcionários em vez de trabalharem a sério, enquanto olhavam para o monitor com ar de gente competente, afinal estavam no namorico.
A forma é o mais importante? Puxa, nos tempos que correm só se pode dizer… É! A forma, a embalagem, o vasilhame, o rótulo. E quanto mais tecnológico melhor. Mais adrenalina. Mais testosterona e estrogénio num vai e vem de loucos assim tipo “donde venho, que faço aqui, para onde vou?”. O marketing é que tá a dar e os gajos que nisso trabalham ganham cada vez mais. Há que vender, principalmente o que o cliente não precisa ou nem sequer quer usar. Não queria. Passado! Já era. Agora nem sequer consegue viver sem aquilo…
Namoro é isto. A malta vende-se e compra. Até pode ser à distância. Até pode ser à velocidade de uns quantos gigahertz e muitos LOL, muitos X e muitos K. Aquilo que é hoje é o que a miudagem quer e assim se diverte. Claro que depois vão para a cama e a coisa complica porque PC ou telemóvel ainda não faz isso. E também não ama com sentimento de amor. E também não sente a respiração, o olhar, o calor… E precisa? Talvez não porque o que interessa é os dedinhos a dedilhar frenéticamente umas quantas mensagens no télélé de 1100 euros enquanto damos um chocho na gajita boazona que por acaso tá ali ao lado…
Que os deuses larguem os teclados e se dediquem aos namoradinhos que hoje vão teclar para os móteis…