Robots? Exagerado, não? Até porque, atualmente, ainda somos uns pobres seres tentando ser humanos. No entanto, muitos de nós apenas rastejamos por essa vida fora…
Perante a minha falta de receio em dizer que não sou um leitor (nem bom nem mau, apenas não sou um leitor), as pessoas ficam circunspectas. De ignorante a pobre coitado tudo passa pela cabeça do ouvinte de tão grande sacrilégio. É que as pessoas dizem-se leitoras assíduas para não ficarem mal na foto. Para não serem olhadas de lado. Para não serem segregadas. Para serem olhadas com respeito. Porque quem não lê não é intelectual. Quem não lê, será sempre alguém rotulado de portador de intelecto menor.
A Inteligência Artifical.
Perante a minha ousadia em perguntar porque andam as pessoas sempre de olhos fixos num telemóvel e dedos cravados no seu teclado, as pessoas ficam circunspectas. De ignorante a pobre coitado tudo passa pela cabeça do ouvinte de tão grande sacrilégio. É que as pessoas fazem-se utilizadoras assíduas de telemóvel para não ficarem mal na foto. Para não serem olhadas de lado. Para não serem segregadas. Para serem olhadas com respeito. Porque quem não “telemoveliza” não é intelectual. Quem não adere ao pequeno aparelho digital multi-funções será sempre alguém rotulado de portador de intelecto menor.
Tenho em mim a permanente convicção de que nos estamos a dedicar afincadamente ao desenvolvimento da inteligência artificial para termos alguém que pense por nós. É que para muita gente, pensar é cansativo. Doloroso até. Não é chique. Chique, chique é termos gente a fazer tudo por nós e nós termos todo o tempo livre para nos dedicarmos aos infindáveis prazeres da existência. Tenho em mim a permanente convicção de que nos estamos a dedicar afincadamente ao desenvolvimento da robótica para termos alguém que faça tudo por nós. Ter criados ou escravos humanos já chateia. Que coisa aborrecida essa de ter alguém que nos serve mas que desperdiça tempo a comer, a beber, a urinar, a ficar doente, a ter filhos…
Neste mundo em que a aparência é critério único de aceitação, dos feios[1] não rezará a História. Pergunto-me como, à luz da seleção natural de Darwin, como será o mundo futuro. Como serão os humanos futuros. Não iremos com certeza precisar mais do que uns olhos e uns dedos ágeis para teclar em telemóveis de infindáveis funções. E iremos continuar a guerrear-nos, claro, mas remotamente e através de sofisticadas aplicações móveis dedicadas à atividade mais apreciada pelo ser humano: fodermo-nos uns aos outros!
Que os deuses sejam omnipacientes…