O Ataque do Urso -p3

Continua surpreendente a resistência do povo ucraniano à invasão do seu território pelos russos. Já lá vão 5 meses do que era para ser uma operação militar especial de 3 dias. Está assim a aumentar consideravelmente o cansaço de todos: os envolvidos diretamente, indiretamente e os que nada querem ter a ver com isto tudo apesar de estarmos a falar de uma potencial guerra mundial. Esta é a espécie humana no seu melhor: destruição, destruição, destruição e… muito faz-de-conta!

O ser humano facilmente descarta tudo aquilo que não o atinge diretamente. Por uma questão de sobrevivência, dizem os entendidos. Concordo, até um certo limite. A nossa capacidade de lidar com muitos problemas em simultâneo é limitada e por isso vale-nos a nossa memória seletiva para ir colocando os muitos problemas que criamos em prateleiras por ordem de prioridade. Por este motivo, a guerra na Ucrânia está perdendo prioridade para muita gente no mundo mas ainda faz vibrar os que estão muito perto dela ou os que sofrem diretamente os seus efeitos. Estão nesta lista os países europeus e, entre estes, os países posicionados mais a leste que algures no passado tiveram o azar de terem sido parte desse monstro, felizmente extinto, que foi a União Soviética. É por isso muito óbvio que sejam estes países a se moverem mais no sentido de se defenderem de um eventual (e muito provável) ataque russo.

Foi em Março deste ano, pouco depois de nova invasão russa à Ucrânia, que o The Economist emitiu um parecer sobre os países que estariam contra e a-favor deste tresloucado ato de Vladimir Putin de querer, à força das armas nucleares que possui mais que ninguém, ressuscitar a defunta URSS segundo modelos históricos e geográficos que a sua tresloucada mente engendrou. O mapa seguinte mostra a perspetiva do The Economist sobre quem estaria contra quem no contexto deste ataque bárbaro à Ucrânia.

Rússia, prós e contras

A vermelho estão marcados os países amigos (e subservientes) da Rússia:

  1. Bielorrússia
  2. Síria
  3. Myanmar
  4. Eritreia
  5. Coreia do Norte
  6. Venezuela
  7. Nicarágua
  8. Cuba

Em contra-partida, a azul estão os países agora inimigos da Rússia, grupo que inclui todos os países da NATO mais alguns outros países não-NATO mas frontalmente posicionados contra este ato bárbaro de Vladimir Putin e seus fantoches que de repente decidiram que o muito que já dominam ainda não lhes chega. Note-se que a área com a cor azul é enorme mas isso não é relevante para aqui pois o que conta mesmo é o poder militar, aspeto onde a Rússia claramente domina. Marcados com um azul mais claro estão os simpatizantes da NATO ou simpatizantes do Ocidente (pró-Ocidente) que se espalham irregularmente pelos vários continentes.

Marcados com cor-de-rosa estão os países simpatizantes da Rússia (pró-Rússia) e a cinzento os ditos países neutrais. Aqui vou discordar da perspetiva do The Economist em dois pontos relevantes: o Brasil, um país grande em área e população, e a India, também grande em área e muito maior em população. Quanto ao Brasil, é claramente pró-Rússia pois o seu patético presidente, Jair Bolsonaro, tem feito tudo para que o mundo saiba que a Rússia é um país amigo do Brasil. Como se fosse possível a Rússia ser amiga de alguém! Quanto à India, é um país onde a miséria franciscana e o analfabetismo são religiosamente aceites e onde a vontade de poucos se sobrepõem no apoio altamente interesseiro à Rússia. Curiosamente, juntando então todos os admiradores do narcisista Vladimir Putin, podemos dizer que à maior parte do mundo (em termos de população) convirá que o chauvinista Vladimir Putin atinja todos os objetivos macabros a que se propõs nesta “operação militar especial” mas que efetivamente se resumem a um só: fazer desaparecer a Ucrânia do mapa-mundo! Típico modus operandi das autocracias e dos totalitarismos, não é? Eliminar quem eles decidem que poderá ser uma ameaça à sua autocracia para assim continuarem a viver, com seus familiares e amigos, no luxo que o sofrimento dos seus povos sustenta.

As razões que levam os países a serem favoráveis ao ditador Vladimir Putin oscilam entre a simpatia pela autocracia ou totalitarismo (até porque já são prática nesses países) e a vingança. Para os primeiros, a Rússia já os ajudou e mais ajudará se melhor se posicionar no xadrez do poder mundial. Como são países já com regimes idênticos ao da Rússia (extrema-direita), sentir-se-ão mais à vontade se o seu protetor (Rússia) sair vitorioso deste jogo “Os Donos do Mundo” agora a decorrer. No grupo dos segundos, os que procuram vingança, estão todos aqueles que odeiam de morte os USA, que detestam a arrogância tipo menino-rico dos Europeus e que, de uma maneira ou d’outra, já se sentiram humilhados pelo dito Ocidente[1]. Temos assim todas as condições reunidas para cairmos numa guerra de larga escala, a dita 3ª Guerra Mundial, onde todos poderão extravazar as suas fúrias contidas, as suas frustrações, os seus idealismos domésticos e todas as outras banalidades tornadas prioridades nestas últimas décadas da evolução do animal humano. A espécie humana tem andado muito tensa, por vezes histérica, agressiva por tudo e por nada. Não será de admirar se por tudo e por nada se pegarem todos à batatada. Porquê? Porque podem…

Confesso a minha admiração pela surpreendente resistência do povo ucraniano mas continuo a temer que as forças do mal[2] vão sair vitoriosas, tão grandes são já os sinais de desmobilização das forças do bem[3] no seu apoio à infeliz Ucrânia. E nem é preciso muito! Basta para isso vir aí um friinho de Outono que já não conseguiremos combater com o gás que a Rússia cortará de vez, a inflação e as taxas de juro continuarem a aumentar reduzindo assim o poder de compra e privando-nos dos prazeres típicos de menino-rico, os desentendimentos a subirem de tom no interior dos grupos das forças do bem[4], quiçá até no interior de cada país, para então vermos o carniceiro Vladimir Putin a sair em grande, na sua pose de Czar do Mundo que ele tanto ambiciona, e sem sequer ter que pedir ajuda ao super interesseiro e manhoso “player” mundial de seu nome República Popular da China, também este um autêntico perigo para a liberdade e a democracia que alguns de nós ainda defendemos. Lamento mesmo mas não prevejo um fim feliz para os corajosos ucranianos. Nem para os seus vizinhos que já estão na lista da maníaca vontade expansiva desse Urso[5] selvagem que os Europeus tão bem alimentaram nas últimas décadas, principalmente a Alemanha…

Que os deuses sejam complacentes… Se merecermos!

  1. Onde fundamentalmente predominam a Europa e os USA.
  2. Rússia & Amigos… Segundo a minha perspetiva, claro!
  3. Europa & Amigos… Também segundo a minha perspetiva, claro!
  4. Desentendimentos internos que a Hungria continua a liderar no seio da UE e a Turquia no seio da NATO.
  5. O urso é usado pelo ocidente como símbolo destinado a referir a Federação Russa (Urso Russo).

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