Não somos todos iguais! Seremos, quando muito, diferentes mas partilhando pontos comuns. Caraterísticas físicas. Mentais. Comportamentos que dependem do contexto em que nascemos e somos criados. Somos seres humanos mas antes de mais somos animais. Animais de uma espécie que se distingue pelo poder de um orgão que tem tanto de nosso amigo como de nosso inimigo: o cérebro! Não desprezemos o seu poder de construir o maravilhoso a coabitar com a miserabilidade. Não desprezemos os seus imensos limites. A sua irregularidade, a sua fragilidade…
Nutro uma especial admiração e muito respeito pelos homens e mulheres que se dedicam a crianças e adolescentes com necessidades especiais, em geral, num quadro de deficiência mental, em particular. Já tive a oportunidade de presenciar, pela força das circunstâncias, que estes são seres humanos especiais que necessitam da atenção especial de quem faz da sua profissão um ato de entrega e dedicação aos menos fortes, aos menos preparados, aos que nasceram substancialmente mais imperfeitos do que os outros. Não desprezemos a nossa condição de imperfeitos. Uns mais, outros menos, mas todos imperfeitos.
Nutro uma especial admiração e muito respeito pelos homens e mulheres que conseguem diaria, semanal, mensal e anualmente o que eu não consigo, de certeza absoluta. Já tive a oportunidade de confirmar que é uma tarefa exigente ajudar estas crianças e adolescentes na sua condição mais limitada. Para quem as pequenas conquistas do dia-a-dia são feitos verdadeiramente heróicos por serem, por consequência da sorte, do azar ou do erro, menos dotados para uma vida que já de si é exigente, desafiante.
Bem hajam todos os homens e mulheres[1] que se desgastam anos a fio a contribuir para a felicidade das pessoas com deficiência mental. O país precisa deles! O país precisa de reconhecer a sua entrega. Inequivocamente…
Que os deuses não nos desprezem como nós nos desprezamos uns aos outros…
Tema musical: “Scorn Not His Simplicity” de Phil Coulter in Classic Tranquility, ©1983.
Video-clip: Sequência de imagens relativas a crianças com dificuldades de desenvolvimento, sob tema musical interpretado por Sinéad O’Connor e com legendas em português por zebarbosaf.
Imagem frontal: de autor desconhecido.