Foi em 17 de fevereiro de 2015 que publiquei pela primeira vez um artigo contendo este pequeno video-clip, nessa altura já em resposta a esse modismo irritante (como são todos os modismos) que é a sempre cinematográfica defesa deste planeta A para o qual, descobriram agora, não existe nem sobressalentes nem um planeta B…
Quando publiquei este artigo, este blog era escrito em inglês pelo que deixo aqui a tradução do texto que fez parte deste pequeno vídeo para a língua de Camões, uma vez que este blog desde 2018 passou a ser escrito em português. Serve o presente para marcar à minha maneira, hediondamente sarcástica como habitualmente e céptica q.b., mais um Dia Da Terra, desta vez num ano em que os homens e as mulheres deste planeta, cansados da monotonia que era destruir só os seus animais e plantas, decidiram acelerar a destruição dos homens e das mulheres deste mesmo planeta. E assim iniciaram a nova era da ameaça nuclear, começando pelo genocídio dos Ucranianos. Em suma, se não morrermos rapidamente da ameaça nuclear tornada um facto então morreremos lentamente da poluição que continuamos a gerar em doses industriais…
O que mudou desde 2015[1] até hoje no que concerne ao respeito pelo planeta que habitamos? Estamos piores! Para além de que o Homem continua com um desempenho superior na sua auto-destruição…
TEXTO INICIAL NO VÍDEO
Tudo estava bem quando os simples ninguéns que nós éramos não tinham que se preocupar se as coisas iriam (ou não) terminar bem.
Mas então o Homem descobriu o ouro negro e apaixonou-se profundamente pelos bons e infinitos prazeres que com ele podia comprar. Tudo parecia felicidade, tudo parecia ouro sobre azul.
Até que um dia, o Homem descobriu que os mares azuis que costumava atravessar, na esperança de encontrar novos mundos, já não eram azuis. Tinham-se tornado negros! Tão negros quanto a mente humana pode ser quando alimentada pela ganância.
O Homem percebeu então que havia encontrado um novo mundo. Um mundo de conveniente cegueira diante de sua total incapacidade de voltar aos tempos em que os simples ninguéns que nós éramos não tinham que se preocupar se as coisas terminariam (ou não) bem.
Este filme é a minha homenagem ao petrodólar, o poder negro que dirige a humanidade há décadas! Este filme é um hino à nossa extrema capacidade de autodestruição e de justificá-la de maneira agradável e sábia…
TEXTO FINAL NO VÍDEO
DECLARAÇÃO DE COERÊNCIA
Convido todos os seres humanos a continuarem enchendo os bolsos de todas as grandes companhias de petróleo de forma livre e sem restrições. Para isso, por exemplo, todas as pessoas devem trabalhar arduamente para o aumento das vendas de automóveis e de todos os outros meios de transporte dependentes do petróleo.
Convido todas as pessoas a usarem o seu carro diariamente e a dirigi-lo todas as manhãs e noites de/para o trabalho selecionando a velocidade mais alta possível.
Convido todas as pessoas a protestar contra qualquer ação dos governos para encontrar e desenvolver energias alternativas provenientes do sol, vento, biomassa, etc.
Convido todas as pessoas a exigirem dos seus governos leis severas contra organizações que enchem o cérebro dos seus filhos com ideias tolas contra o bem-estar da humanidade proporcionado pelo petróleo.
Convido todas as pessoas a reforçar, por todos os meios, onde e quando possível, a ideia de que “preto é bonito”[2] e o azul (dos céus e oceanos) pertence a tempos, felizmente extintos, de pouco conforto e duros esforços do corpo…
Tudo isto em nome do meu favorito e mais valioso valor mental e espiritual: coerência !
Atenciosamente,
Legendas em inglês por ZéBarbosa.
Banda sonora: “Shine (Acoustic)” in ©2002 Hullabaloo Soundtrack, Muse.