Chegámos a setembro! Este ano tem sido esquisito e confuso, mas finalmente chegamos a setembro! Só de pensar que a última vez que me senti normal foi em fevereiro…
Parece que o mundo ficou mais louco, ou pelo menos com menos vergonha para o mostrar: violência policial, eventos cancelados (mas nem todos), medidas de restrição completamente incoerentes e flutuantes, com interesses económicos (sempre) à mistura. O coronavírus é mentira, não é mentira, já passamos o pico de contágios, ainda vamos atravessar uma segunda vaga, os miúdos podem ir para a escola, mas ao primeiro sinal de contágio fecham a escola… ruído, ruído, ruído! Parece uma daquelas cenas de filme em que o protagonista fica tão assoberbado por tantos estímulos, tanta gente a falar, que a certa altura a única coisa que ouve é o silêncio e fica abstraído e alienado de tudo o que se passa em volta.
Ironicamente, apesar desta sensação de estranheza e quase alienação, para mim, mudou muita coisa. Este ano, curiosamente, tem sido sobre tomadas de decisão: sobre pessoas, sobre experiências, sobre hobbies, sobre emprego.
Gostava de sair deste ano com um retrato mais definitivo de mim. Muitas vezes me sinto como se ainda estivesse a reconstruir-me (lembro-me de me sentir assim quando vivi em Lisboa). É normal uma pessoa sentir que só se está a conhecer real e profundamente aos 30 anos? E os outros 29 que ficaram para trás?!
A verdade é que, apesar da confusão e da inércia que sinto, a vida vai andando, decisões vão sendo tomadas, não estou assim tão apática como por vezes me sinto. Boa sorte aos trintões em tempos de pandemia que se sentem perdidos na vida…mas que talvez não estejam assim tanto…e, afinal de contas, o coronavírus é só ficção científica.