“The Lady Of Shalott”[1] é um poema[2] escrito por Lord Alfred Tennyson, em 1833, e usado como base para a música com o mesmo nome, adaptado por Loreena McKennitt. Esta é uma música melódica para a qual a voz de Loreena e a fantasia associada às encantadoras histórias de Camelot muito contribuem de modo a imprimir-lhe um teor algo celestial. Afinal, quem nos primeiros tempos da sua vida nunca viu filmes sobre O Rei Artur, Os Cavaleiros da Távola Redonda, Sir Lancelot e assim por diante?
Loreena McKennitt (nascida em 17 de Fevereiro de 1957), cantora, compositora, arpista, acordeonista e pianista canadense, possui uma voz deliciosa que já me fez esvoaçar por aí tantas vezes. Movendo-se na área da World music (incluindo Celtic music), Loreena pode ser melhor conhecida no seu website, o qual pode visitar clicando aqui. Bem, desta vez desafiei-me a mim mesmo a traduzir de Inglês para Português um poema escrito num Inglês de contornos bem antigos. Difícil! Primeiro, a canção original dura cerca de doze minutos. Loreena gasta quase esse tempo cantando e o poema é super longo. Em segundo lugar, ninguém ficará surpreendido se eu disser que fiz a tradução pela primeira vez usando o tradutor do Google e só então fiz os meus próprios arranjos. Finalmente, tive que efetuar uma pesquisa apropriada para entrar no espírito de uma “Lady” fechada num castelo medieval. Tudo isso enquanto repetidamente escutava a música e lia a respetiva letra para ter a certeza que tinha entendido todos os sentidos: o segundo, o terceiro e o ausente. Bastante interessante, parece-me. Uma maneira recreativa de manter ou aperfeiçoar a minha fluência na língua Inglesa…
Há por aí muitas damas de Shalott espalhadas pelos quatro cantos do mundo. As mulheres têm uma maneira bastante incompreensível de se lançarem a amar histórias com fins infelizes. Histórias que, quando não trágicas, são pelo menos dramáticas. Lembro-me que um dia disse a uma garina, com mais de trinta anos, que eu já tinha desistido de entender as mulheres. Ela disse, com um agradável sorriso e para minha relativa surpresa, “não te preocupes, também não somos capazes de nos entendermos a nós mesmas”. Tão verdade! De facto, não me lembro de ter encontrado uma mulher fazendo algum esforço para se entender a si mesma. Eu acho que as mulheres não perdem muito tempo com incursões interiores mais do que o tempo que precisam para retocar a sua maquilhagem. Isso não significa, de todo, que elas não são seres inteligentes, mas elas, em vez disso, dirigem o brilhantismo do seu cérebro (quando existe) para outros problemas que consideram prioritários. E aqui está o nó: as prioridades femininas parecem-me tão atabalhoadas como as suas carteiras!
As mulheres adoram rir e fazem-no muito. Fazer uma mulher rir é meio caminho andado para agarrar a sua atenção. Parece bastante estúpido quando dizem “Prefiro homens que me fazem rir” mas essa é a verdade, muito nua e crua. Então, os homens sempre tentam fazer as mulheres rir, mesmo que para isso se tornem muito “apalhaçados” e por isso ridículos. Coisa engraçada! Nós, homens, somos amados (ou simplesmente apreciados) por elas quando somos ridículos! Nós também somos apreciados se conversarmos de forma agradável e doce, mesmo que o façamos a contar a “história do ceguinho”. Aumentamos a nossa cotação no mercado de ações das mulheres se as tratarmos como o Sir Lancelot supostamente fazia com as suas damas de eleição. A parte fascinante é, como é que um ser que é capaz de rir tanto e que se deleita com contos sobre corajosos cavaleiros de cabelo ao vento, também é levado facilmente a intrincadas situações como as que sabemos que muitas mulheres estão vivendo? Riso e drama. Fantasia e tragédia. Amor e ódio. Que combinação…
As mulheres que vivem sob a proteção dos Camelots de torres altas são mais do que muitas. Muitas vezes as mulheres trocam liberdade pela segurança. Sim, acontece bastante. Mesmo em países civilizados, onde as mulheres são auto-proclamadas fortes e determinadas, como a Alemanha ou os EUA, muitos são os casos de mulheres presas no mesmo castelo que tomaram como escudo. As mulheres, quando finalmente acham que estão morando no castelo errado, muitas vezes não conseguem livrarem-se das paredes que elas tomam como proteção. E não falo apenas dos “castelos” que são os seus homens… Se por um lado a infelicidade pode acontecer porque essas mulheres podem finalmente ter percebido que o seu Sir Lancelot não é mais um cavaleiro fiel e confiável, por outro, também pode acontecer porque não conseguiram manter o seu Sir Lancelot encantado com a Lady Of Shalott. Ou ainda porque afinal descobrem que há algo mais e melhor para além de umas muralhas altas e resistentes.
Após esta aparente palestra sobre a psicologia da mulher, tema que me apraz mas sobre o qual muito pouco sei, é agora tempo de ouvir a música em questão e entrar livremente no território encantado de reis, cavaleiros e damas, enquanto aprecia a doce voz de Loreena e a performance dos bons músicos que com ela atuam.
Que os deuses estejam com as senhoras que tecem suas redes complexas atrás das muralhas do seu castelo de torres altas…
Tema Musical: The Lady of Shalott por Loreena McKennit in The Visit (álbum), © 1991
Video-clip: interpretação de Loreena McKennitt ao vivo em Alhambra, Granada (Espanha), 2006, re-editado e com legendas em português por Zé Barbosa.
Imagem frontal: pintura de John William Waterhouse, em 1888.
- A Dama de Shalott. Shalott rima com Lancelot e Camelot e parece ser apenas um nome de ficção. Tal como a história (lenda) desta “lady”.
- Tenha acesso a todo o poema usando este link