Não resistimos ao caráter guerrilheiro desta seleção sul-americana, Uruguai, e mais uma vez mostrámos que, quando o futebol matemática falha, nos falta a paixão.
Fernando Santos trouxe à seleção o futebol matemática. Frio. Objetivo. Ganhar é a meta. O futebol bonito se acontecer, tanto melhor. Fernando Santos quebrou definitivamente com as vitórias morais no futebol Português. Tantas e tantas vezes que jogámos bonito e nada ganhámos. No Europeu 2016, jogámos feio e fomos campeões europeus. Bom, feio não foi, porque muitos outros treinadores adotam esse tal futebol matemática com resultados ótimos. E ganhar sabe tão bem…
Neste mundial estivemos mal. Lentos. Sem agressividade. Tivemos posse em alguns jogos mas nunca fomos ofensivos. Fomos salvos por Cristiano Ronaldo contra a Espanha. Fomos salvos por Cristiano Ronaldo contra Marrocos. Fomos salvos por Cristiano Ronaldo contra o Irão, que deu espaço a Quaresma para marcar aquele fabuloso golo de trivel, mas já se notava que CR7 estava a apagar. Neste último jogo, com as tais caraterísticas “mata-mata”, estivemos uma vez mais a depender de Cristiano Ronaldo mas os Uruguaios anularam por completo o nosso herói. E com Cristiano Ronaldo apagado, não há seleção Portuguesa para ninguém. E aí, lá vem o Brasileiro mais Português de Portugal a mostrar como deveriam ser todos os outros tugas que vestem a camisola das quinas. Aguerridos. Combativos. Entregues. Envolvidos. Pepe merece uma estátua em qualquer canto visível deste país. E nem o pequeno erro cometido, que causou o segundo golo, me tira a ideia que sempre tive sobre Pepe. Tirando Cristiano Ronaldo, só Pepe mesmo…
Pepe (futebolista).
Não jogámos melhor que o Uruguai. Perdemos contra um futebol igual ao nosso, um futebol prático e defensivo a aproveitar as escorregadelas do adversário. Morremos com o nosso próprio veneno. E nem a posse de bola foi bonita. É que posse de bola só é eficaz quando é ofensiva, tal como o Barcelona e depois a seleção Espanhola nos ensinaram. William Carvalho já estava sonolento há alguns jogos. João Mário notou-se, tal como Quaresma quando entrou, mas os nossos jogadores escorregaram demais. Engraçado, não me lembro de ver os Uruguaios a escorregar no relvado como nós tanto fizemos. Será que as chuteiras eram novas e de marca diferente e não testadas ainda? A qualidade do relvado não foi a razão, com certeza que não, porque os Uruguaios correram o jogo todo como se não houvesse amanhã e nunca os vi escorregar…
Está na hora de rever este futebol matemática e muito pouco bonito. É que se fosse matemática a dar resultados positivos (como deu no Europeu 2016), pronto, aguenta-se. Mas já não tá a dar resultados. O adversário já aprendeu, já nos conhece. Aé foi bom não termos passado porque, a continuar assim, iríamos levar um arraial de porrada nos quartos, onde a França estaria à nossa espera para um ajuste de contas…
Que os deuses inspirem a nossa seleção num futuro muito próximo, apesar de termos tido neste FIFA 2018 uma participação condigna…