Este Sporting Que Somos Nós -p3

Um texto escrito com agressividade, com palavrões ou sem eles, de forma nua e crua, em estilo livre e por isso despreocupado com a sensibilidade das pessoas… É feio, não é? Basta ler os que tenho escrito neste blog. Desagradável, não é? Mas ser agressivo ou, pior ainda, malcriado, é moda em Portugal. É chique. Sentimo-nos bem. Integrados em classe superior. Essa classe superior que já não é a dos engenheiros e doutores mas sim a dos que mais agridem, mais ofendem, mais praticam a bela arte de projetar pela boca fora os mais elaborados impropérios na língua de Camões.

Bruno de Carvalho já era. Pelo menos aparentemente. Pelo menos parece. Uma assembleia destitutiva onde todos os sócios poderiam e deveriam aceder para definir o futuro próximo desse clube, Sporting Clube de Portugal, que não é o meu. Nesse encontro de fãs divididos, lá estavam os pró-Bruno e os contra-Bruno. Poder-se-ia dizer que foi uma assembleia que decorreu dentro da maior das normalidades. Isto se considerarmos que normalidade é a polícia de choque não intervir. Se considerarmos também que estar em grupo a vaiar e a agredir verbalmente a parte contrária, ou seja, a ser malcriados, é a normalidade. E a fação pró-Bruno voltou a mostrar qual o estilo de liderança de Bruno de Carvalho. Agressiva. Autoritária. Intempestiva. Irregular. Ditatorial. Centrada no indívídiuo. O indivíduo que é ele, Bruno de Carvalho. Bruno é o que muitos ditadores da História têm sido: “ou és por mim ou tás feito”! Mas os ditadores em Portugal tendem a perdurar.

Este exemplo, bom, que o Sporting nos tem oferecido, é o exemplo que serve para nos medirmos a nós mesmos, Portugueses. Somos inconsequentes. Sem ações consolidadas. Sem organização. Sem metodologia. Somos instintivos. Somos centrados em nós próprios. Somos falsos moralistas. Falsos. Fracos políticos. Banais. Desprovidos de conteúdo. Dotados de um orgulho pessoal infundamentado. Acreditando em contos de fadas[1]. Sofrendo de miopia aguda, o que é grave. Somos um pequeno povo mesquinho que, quase meio século depois, ainda não se libertou do estigma fascista que nos tem mantido agarrados (ainda) a uma grande mesquinhez. Tão grande como pequenos em território e população somos. Este Sporting que nós somos é isto que nos diz. E nem nos apercebemos o quanto isto nos prejudica, a todos, quando somos vistos pelos do lado de fora. Os nossos amigos Europeus, e não só.

Que os deuses estejam connosco…[2]

  1. Como por exemplo a cena dos Descobrimentos, que continuamos a sobrevalorizar em 8 séculos de existência durante os quais pouco mais contribuímos para o mundo.
  2. Faça-se a sua vontade.

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