Este Brasil Que Fomos Nós

Lula da Silva não, não devia ter sido ele. Porque este jeitinho Brasileiro de enganar, de gamar, de ludibriar, de insinuar-se, de camuflar-se, de passar-se por, de envenenar com veneno açucarado…

Já fomos. Foi connosco que começou. Por mares nunca de antes navegados fomos por aí e pimba, pimba, pimba… E num desses pimbas saiu-nos na rifa o Brasil. Terra de pau tão preto quanto santo e tão santo quanto preto. De macarrão com arroz, de arroz com feijão, de feijão com macarrão… Whatever, o que for venha. Terra de caipirinha, que era de cachaça, mas que é de vodka, de bagaço, Licor Beirão,… Whatever, o que for venha porque o que interessa é que “tamos nessa”, viva o Brasil. Caipirinha de caipiroska, caipira que pica no chão, pica-pica caipira, com sangue ou sem ele, caipira, pira, pira, sei lá, o que for venha porque o que interessa é que todo o mundo é legal p’ra caramba…


Lula da Silva, corrupto (ilustração Kléber Sales).

Mas este cara não! Operário, até perdeu um dedo numa sei lá, cena de trabalho que dói porque mói, mói até doer e corta, e sangra, e… Este povo acreditava nele, poça p’ra caramba… Pá! Lula, não! Homem do PT, do povo, dos que acreditam na canarinha, naquele Deus que toma chôpinho em favela onde vai escorrendo mijo e merda livremente por aquelas ladeiras abaixo. E acima, porque para cima é o caminho. Esse não, filho do povo que gera filhos por aí e por ali, assim a modos que “camisinha” é coisa cara e nós até nem temos tempo para estar a enfiar digna ou condigna ou pelo menos acertadamente a dita coisa, com nome de peça de roupa mas que é apenas produto de latex para deixarmos de crescer por aí que nem chinês… Ou Indiano.

Este ser e estar que terá sido parido por nós quando naquela altura navegavamos por mares nunca de antes navegados e, de repente, descobrimos as brasas de sotaque quente e doce, peito pequeno e bunda generosa que se enroscam, enroscam e enrosacam em nós qual sereias lindas e enroscantes até morrer. Este Brasil que foi parido por almas infortúnias que nunca se sentem bem consigo mesmas na terra que os pariu e vão-se esgueirando, ano após ano, século após século, por aí, por esse mundo fora à procura de sabe-se lá quem ou o quê.

Porra, já saímos de lá em 1822! Foi há 196 anos. Cambada, quase há dois séculos. Em muito menos do que isso há civilizações a caputarem umas quantas vezes e a saírem em grande. Que temos nós, pequeno país 50 vezes menor, a ver com a infelicidade daqueles gaúchos e afins que ocupam um território do tamanho de um continente? Nada. Mesmo zerinho, zerinho, zerinho de todo. Os gajos são assim porque são assim. Sei lá, efeito dos mosquitos, dos jacarés, das jararacas e quantos outros animais tropicais e amazónicos que por lá proliferam. Os lulas, os temeres, os bolsonaros… Coisa deles. Do além Atlântico e do além tempo que já eram há dois séculos.

Brasil, terra de crime, de homicídio, de peculato, de corrupção, de chantagem, de violência. Doméstica, urbana, rural, caseira, comercial, industrial, sexual, social, política. De género, de estilo, de cima, de baixo, de homem, de mulher, de criança, de velho. Brasil do faz de conta. Do parece. Do isto e do aquilo, ai sei lá, adoro, amo, tudo de bom que há na vida. Brasil que não é o que nunca será porque há quem nasce para nunca ser. O Brasil da segregação em forma de carnavais, futebóis e telenovelas…

O Brasil que fomos nós. E com o qual deveríamos fazer questão de não nos identificarmos…

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