Ocorreu-me que já não me apetece mais escrever sobre seja o que for! Passageiro? Definitivo? Crise dos sessenta? Acima de tudo porque no meio de tanto drama e tanta tragédia corrente, nem sei por onde começar. Nem onde acabar. É que o animal humano está cada vez pior, acho eu de que… A humanidade, em geral, não está a aguentar lá muito bem as consequências da criação desse brinquedo que se tornou mostrengo, o Capitalismo…
Tenho notado que as pessoas em geral estão muito agressivas. E no meio dessa agressividade desenfreada, por vezes descontrolada, emerge uma terrível falta de respeito pelas outras. Pior ainda, uma terrível falta de respeito por si mesmas. Filhos não respeitam pais. Conjuges não se respeitam mutuamente. Alunos não respeitam professores. Cidadãos não respeitam os líderes que eles próprios elegem. E se quisermos falar da vida em geral, humanos não respeitam animais e plantas…
Vejamos o que está a acontecer em simultâneo neste mundo de desrespeitadores crónicos e compulsivos:
- pandemia
- atitude expansionista e agressiva da totalitária Rússia
- guerra na Europa
- risco de guerra nuclear
- ameaça da China sobre Taiwan
- guerra económica, entre os que se dizem no direito de liderar a economia mundial
- inflação galopante
- elevado risco de recessão
- alterações climáticas
- incêndios numas zonas
- chuvas torrenciais e cheias desvastadoras noutras
Se percorrermos as redes sociais[1] conseguiremos facilmente verificar que os valores da vida, nos tempos que correm, mudaram substancialmente. Na provecta fase que atravesso, felizmente já muito após a fase da simples sobrevivência, opto por não me perder em conjecturas sobre os valores da vida. Porquê? Porque, olhando para o lado ou também percorrendo as redes sociais, o animal humano há muito que optou pela revalorização dos valores da vida passando a centrá-los na ostentação do seu individualismo. Hoje, mais do que nunca, o animal humano não mais se perde em ideologias e passou a teatralizar a sua existência ponto a ponto, caso a caso, gosto a gosto, prazer a prazer. Hoje, mais do que nunca, o animal humano fácil e rapidamente arreganha os dentes ou põe as garras de fora com base em direitos auto-adquiridos. Hoje, mais do que nunca, o animal humano é agressivo e, consequentemente, praticante de extremismos que facilmente têm conduzido à violência. Não é por acaso que se passa o que se passa na Ucrânia e no Irão. Nem é por acaso que testemunhamos o avanço na Europa dos movimentos de extrema-direita[2] que já demonstraram serem seguidores incondicionais da violência sobre os povos.
Não estou com nenhuma visão catastrofista mas começo a perceber alguma dificuldade em a Humanidade lidar com tanta violência em simultâneo. As guerras destruidoras de pessoas e bens, os êxodos que resultam dessas guerras, o desrespeito pela mãe Terra, as cheias avassaladoras, os incêndios em intermináveis hectares, as ondas de calor ou frio quando devia fazer frio ou calor, as incontáveis moles de seres morrendo de fome e o poder avassalador do Capitalismo na transformação de mentalidades e comportamentos. Sabe-se, porque está demonstrado, que o ser humano é incapaz de lidar com várias tarefas em simultâneo mas infelizmente esse mesmo ser humano tem feito tudo e mais alguma coisa para se auto-carregar com o peso do que não aguenta! Eu diria que isto é um sintoma de insanidade. Eu diria que isto é uma forma de suicídio. E já que estamos a falar da Humanidade, é uma forma de suicídio em massa…
Os sintomas de insanidade mental crescente são mais que óbvios, globalmente falando. E aqui chegamos ao ponto frustrante desta divagação sobre esta temática: como interromper e inverter esta tendência? NÃO SEI! Pronto, é simples. É que nem sequer me dá para divagar. Nem sequer me dá para devanear. Apenas me dá para manifestar que decidi manter-me no meu cantinho, sossegadinho, assim tipo “bom menino” até que apareça um qualquer “jesus cristo salvador” e dê novo rumo a esta viagem sem retorno. Que estamos indubitavelmente a precisar de sermos salvos, ai isso sim, carecemos efetivamente. Se vamos ser salvos, ai isso também não sei, não sou bruxo. Que já começo a nutrir uma especial simpatia pelo pensamento “seis décadas? já é uma boa vidinha, ó se é!“, ai isso sem dúvida, cada vez mais assim é! Que também posso estar a ficar insano, ai isso é claro, há uma forte possibilidade…
Até lá, vou ver se vai apetecer-me escrever mais sobre seja o que for…
- Facebook, Instagram, Twitter, TikTok etc.
- O último dos quais na Itália com o avanço do partido Fratelli d’Italia, liderado pela sua nova coqueluche Giorgia Meloni, auto-confessa simpatizante de Benito Mussolini e pregadora do lema inequivocamente fascista “Deus, Pátria, Família”.