Enquanto Deus estava sentado no seu trono, Serafim permanecia com as suas seis asas num lugar um pouco mais acima de Deus. E enquanto duas asas lhe cobriam o rosto, duas os pés e as outras duas o mantinham a levitar, toda a Terra mergulhava nas profundezas da dor que chamas intensas e inesgotáveis de um fogo interminavelmente consumidor lhe infligiam. E Serafim alto e bom som exaltava, sem vacilar, “Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus, o Todo poderoso, que era, e que é, e que há de vir” enquanto olhava angelicamente as feridas, o sangue e as lágrimas de pequenas e insignificantes criaturas condenadas a expiarem o Grande Pecado, enquanto deambulando pelo planeta onde o verde da esperança se confunde com o vermelho da dor e o azul do amor vai serpenteando entre ambos. E a Terra assim se tem mantido porque assim sempre foi, sempre é e sempre será. Amém…
E assim se ouviria…[1]
Eu pensei que sabias tudo.
Bem, já o tinhas visto dez vezes antes.
Eu pensei que o sabias
Com ambos os pés no chão.
Eu amo devagar… Devagar mas profundamente.
Afetos fingidos me invadem.
Sonha, meu querido,
E renuncia às obrigações temporais.
Sonha, meu querido,
É um sono do qual podes não acordar.
Tu me constróis, tu me destróis.
Fazes de imbecil enquanto eu faço de palhaço.
Passamos o tempo ao ritmo de um velho tambor de escravos.
Tu fazes crescer a minha esperança, aumentas as probabilidades.
Dizes-me que sonho demais.
Agora cumpro pena na desilusão.
Eu não acredito mais em ti… Eu não acredito em ti.
Eu pensei que sabia tudo
Por já ter visto todos os sinais antes.
Eu pensei que fosses único.
Na escuridão o meu coração foi conquistado.
Tu me constróis, tu me destróis…
Não deixes que digam que menti.
Nunca encontrei um lar em ti.
Nunca deixes que digam que menti.
Dediquei-te todo o meu tempo.
Tema Musical: “The Host Of Seraphim” de Dead Can Dance, in The Serpent’s Egg (álbum) © 1998
Vídeo-clip: cortesia de BabyloneLife com legendas por zebarbosaf.
Imagem frontal: cortesia de maruhana-bachi.