O mesmo do costume, parvoíce em forma de intelligence! Estamos agora perante um território no sempre problemático médio-oriente que eu preferiria deixar deserto e inóspito como sempre foi, o Afeganistão, entregue a si mesmo ou aos seus “simpáticos” vizinhos mas… Animal humano gosta de complicar!
Devemos ajudar os Afegãos? Não! Devemos ajudar as mulheres Afegãs a estudarem, libertarem-se das burcas, poderem escolher os seus maridos, etc, etc, etc? Não! O Afeganistão não é o nosso mundo. Ponto! Eles não são nem querem ser ocidentais. Não querem ser ocidentalizados. Não querem despir-se das suas vestes, dos seus hábitos, dos seus costumes, das suas crenças, das suas convicções. Deixemo-los lá, nos montes, montanhas e planaltos arenosos, plenos de subserviência a Alá, o deus das infindáveis areias e insondáveis direções rumo a um infinito que nós, ocidentais, nunca alcançaremos. Chega de interferência nas crenças e convicções desses outros que nós nunca entenderemos. Chega de Cruzadas, já tivemos que chegue na Idade Média. Chega de investidas contra moinhos de vento. Chega de acreditarmos que algumas das setenta e duas virgens nos poderá calhar, até porque ao fim de tanto tempo elas não são já virgens…

Em 2001 o mundo não-islâmico revoltou-se contra o mundo islâmico porque duas torres caíram e três mil almas indiferencidadas passaram a vítimas. Vinte anos depois o mundo islâmico continua lá, orgulhosamente montado nos seus camelos, atravessando os seus inóspitos desertos e refrescando-se nos seus voluptuosos oásis. Vinte anos depois, aquele mundo, onde mulher vale menos que um camelo, continua orgulhosamente lá, nas montanhas, planaltos e planícies da seca e infindável areia. O mundo onde a lei de um deus que ninguém conhece ou alguma vez conhecerá continua a determinar cada simples inspiração ou expiração de ar em pulmões de areia de gente que areia nasceu e areia morrerá. O petróleo das areias infindáveis dessas gentes de pele queimada por um sol implacável é a sua força tanto como é o seu cemitério. Chega! Deixemo-los lá, nas infindáveis areias de um mundo que nuca teremos a capacidade de entender e que, para o nosso próprio bem, não deveríamos querer entender.
Neste mundo capitalista pelo qual vivemos ou deixamos de viver, sejamos capitalistas! Apenas! Apenas capitalistas, vendilhões do templo até mas capitalistas. Compremos, vendamos, especulemos, lucremos, acrescentemos valor mas sem invasão, tal como cada um de nós anseia. Sem intrusão. Cada macaco no seu galho, sem pretensiosimos atentatórios das liberdades e convicções dos outros. Possível? Não! Mas acreditemos. Acreditemos que podemos viver sem ter que invadir. Que podemos lucrar sem ter que invadir. Podemos ser sem que os outros sejam o mesmo que somos. Sejamos capitalistas, ok, é tudo o que o mundo quer ser. Mas comprando e vendendo, enganando talvez aqui e acolá como animal humano sempre quer enganar mas cada qual na sua terra. No seu território. Nas suas crenças. Nas suas convicções, por muito inatingíveis, idiotas ou hediondas que possam ser…
Faz sentido termos tido os USA a ocupar o Afeganistão durante vinte anos, gastarem milhões por mero exercício de dinamização da sua própria economia, sairem caoticamente do Afeganistão por razões ainda indesvendadas para agora prometerem milhões de ajuda a um país pelo qual poderiam ter feito algo durante vinte anos e não fizeram? Faz sentido fazermos agora frenéticamente algo por um país de que nunca nos lembrámos em vinte anos, ainda menos do que nos lembravamos antes do onze do nove? Faz sentido agora sermos solidários, preocupados, ativistas, missionários, templários, se a vida ou morte dessas gentes das areias foi sempre menos importante que o participante em risco de ser expulso no Big Brother (reality show) em exibição em cada um dos nossos países ocidentais? Fará sentido, com certeza, para muita gente de capacidade superior mas eu recuso-me a ter essa capacidade superior. O Iraque foi um erro. O Afeganistão foi um erro. A Síria é um erro. O Líbano é um erro. Hong-Kong é um erro. A China é um erro. A Coreia do Norte é um erro. A FIFA é um erro. Tantos erros, tão pouco espaço para os descrever até porque são votados a um desinteresse atroz de um mundo muito mais focado nas aventuras e desventuras da família Kardashian do que naquilo que constitui o sofrimento da nossa existência. Já nos habituámos aos erros. Já nos habituámos ao sofrimento dos outros. Já nos habituámos aos refugiados. Estamos mais ocupados a escolher a próxima tatuagem…
Depois do onze do nove virá o doze do nove, o onze do dez, o doze do dez ou qualquer outra combinação numérica que em nada mudará o que temos sido até aqui: a huge piece of bulshit…