Tenho para mim que a expressão “despenteado mental” traz-me à ideia algo de simpático. Já assim pensava aquando do meu primeiro texto sobre este assunto (ver aqui). Assim continuo a pensar…
Boris Johnson deu uma abada do caraças a muita gente neste mundo. Tal como o que aconteceu com Donald Trump, ninguém esperava o que aconteceu. O mundo moralista não se compadece com os que sofrem de uma certa particularidade[1] como estes dois gadelhudos[2]. Ambos chegaram, viram e venceram precisamente num contexto em que ninguém nada dava por eles. Se por um lado Trump não me surpreendeu, porque acho que já há muito entendi a cultura US, Boris surpreendeu-me N. Eu diria N+1. Mais que entender a cultura Britânica, coisa que nunca ansiei, nutro uma simpática antipatia por ela. Esta gente diz-se direita de mais num mundo que é claramente esquerdo. E Boris era o transtornado num filme que já estava a ficar muito confuso. Confuso mesmo, com tanto “Brexit Yes, Brexit No”. Como foi possível aparecer num mundo de infindável fleuma um tão grande exibicionista “a la Trump”? Assumidamente um “show man”, um mentiroso compulsivo (dizem os seus eleitores), um encenador indisfarçado. Tudo isso mas… Bem falante!
A Escócia merece o que tem porque pouco fez para não ter o que tem. Por isso esqueçamos essa parte. Boris vai mesmo atirar para canto a UE e fazer de conta que a Bretanha, a Grã, vai ser “Britain first”[3]. E todos os súbditos de Sua Majestade irão acreditar que sim, a Grã-Bretanha será a maior tal que nem em outros tempos que já lá vão, tipo aqueles em que escumbalharam[4] o gigantesco território Indiano. Boris depende agora de si mesmo. Apenas. Os Britânicos estão mais perdidos que a sua seleção de futebol quando joga com a nossa porque não entendem mesmo esta cena. Tal como muitos Americanos ainda não entenderam a cena do Trump…
Eu acho Boris divertido. Tanto como acho Trump. É bem melhor ter estas figuras de cabelo oxigenado a apimentar a nossa vida do que certas e determinadas outras que trazem à baila tempos que já deviam estar bem mortos e enterrados, como por exemplo o Nazismo. Isso sim, deveria assustar as pessoas de moral exacerbada. Seria bom se as pessoas não confundissem a xenofobia com o Fascismo ou o Nazismo. É que um xenofobo não é forçosamente fascista ou nazi mas um fascista ou nazi é muito mais que xenofobo. É que ainda por cima neste mundo há muito mais xenofobos do que aquilo que de facto imaginamos e daí até nem vem grande mal ao mundo. É humano, muito humano mesmo, não gostar desta ou daquela pessoa por este ou aquele motivo menos nobre. Mas fascismo ou nazismo é muito mais (pior) que xenofobia. E tanto Boris como Trump são figuras providas de conteúdo. Talvez irónicos. Talvez sui generis. Talvez broncos. Talvez assustadores. Mas o que é facto é que cada um deles detêm o poder no seu próprio país e até um pouco mais que isso, dado que tanto GB como US são dos países mais poderosos do mundo. O atual e o de há muitas décadas.
Tal como eu disse há uns anos a um empresário alemão com algum sucesso, no decorrer de uma conversa sobre Bill Gates e o domínio da Microsoft, no meu inglês mais bem vestido: “Não tá certo você dizer mal dele ou querer rebaixá-lo. O que você deveria fazer era ser melhor que ele”. Claro que esse empresário começou aí a nutrir um sentimento especial por mim, ao ponto de me agradar quanto baste o facto de nunca ter precisado dele para me manter vivo e saudável. É que as pessoas adoram escarnecer e maldizer quem os supera, os domina ou os manipula. Principalmente se é alguém diferente, ou anormal como logo são classificados pelos praticantes da moral exacerbada. É que não é nada não é nada, mas em muita coisa eu me identifico com estes “anormais”. Por exemplo, eu também gostaria de poder trocar uma mulher de 55 por uma de 31 (ou menos). Mas, para além de não ter nada para trocar, falta-me aquele cabelo oxigenado com aquele toque stylist oriundo de um vrai artiste dos cabelos, assim tipo a modos que um Eduardo Beauté[5]…
Que os deuses estejam atentos…
- Uso amiúde esta expressão (sofrer de uma certa particularidade) para classificar os comportamentos estranhos de certas pessoas.
- Para mim esta palavra classifica alguém com cabelos relativamente longos e algo despenteados.
- Em semelhança com a frase trumpista “America first”.
- Calão que significa mal-tratar.
- Não me levem a sério, tá? Apenas referi o senhor porque ele ficou conhecido como o “cabeleireiro dos famosos”.