Cá Estamos, Ipso Facto

Poderíamos não estar, mas estamos, é um facto! Facto, não disse fato, como soem dizer os brasileiros, essa procriação lusitana que resultou das deambulações de um Pedro marinheiro, de sobrenome Alvares Cabral. É um facto que continuamos por cá e continuamos por cá porque nada nos fez deixar de por cá continuar, ipso facto…

Os objetivos delineados para a vacinação em Agosto/Setembro foram atingidos e por consequência temos direito a mais um corte nas restrições que nos têm assolado desde Março de 2020. Graças também a um militar, militar mesmo, mais de 70% da população portuguesa está já com as picas no braço esquerdo, uma ou duas conforme a marca da referida vacina. Bem, mais rigorosamente falando eu diria que, graças ao facto de um militar, militar mesmo, ter sido convidado para coordenar o processo da vacinação nacional, estamos já num nível de imunidade de grupo que nos faz ter perspetivas mais animadoras sobre o que será o nosso dia a dia a curto prazo. As crianças estão a aderir em massa, o povo está mobilizado para enfrentar o vírus, de seu nome Corona, que tanto nos tem avacalhado…

Os portugueses são fracos em planeamento, tanto como o são em disciplina. Bem, um planeamento nunca seria bom sem disciplina e portanto não nos enganemos a nós próprios com deambulações mirabolantes sobre quem nasceu primeiro, se o ovo ou se a galinha. Não é por acaso que Portugal é o que é, um pequeno reboque traccionado por forças terceiras que vêm dali do centro da Europa, talvez centro-norte da dita. Os portugueses são uns latinos desnaturados que misturam sem dó nem piedade o que vão aprendendo por aqui e por ali, na medida das suas deambulações por esse mundo afora. Os tugas são por isso uma miscenigação de muita coisa vinda dos tais quatro cantos do mundo por onde transitam. Em cada cantinho deste redondo planeta é fácil encontrar um tuga, tuga esse que sempre regressa à sua terrinha com ideias supostamente revolucionárias sobre o ser e o estar. Temos por isso evoluído quanto baste mas há caraterísticas que estão entranhadas de tal maneira que nem a lixívia, poderoso desinfetante, as remove. Somos o que temos sido e o que temos sido passa ao lado da disciplina de grupo ou individual, logo passa ao lado da organização, do planeamento, da criação da riqueza nacional que nos permita viver em vez de apenas sobreviver…

O processo de vacinação está a ser um sucesso, portanto. A liberdade de movimentos está reaparecendo, a consciência nacional sobre a adesão à vacinação está cada vez mais fortalecida, cada vez menos se ouvem as vozes dos imbecis que optaram pelo dito negacionismo. Agora sim, vemos uma luz ao fundo do túnel e não parece ser a do combóio que nos irá atropelar. Assim sim, somos e estamos mais europeus da Europa e menos essa mistela aqui esquecida no extremo da mesma, quase quase a cair ao mar e, muito provavelmente, a morrer afogada. A disciplina, individual ou nacional, é uma necessidade que urge adotar como cultura nacional pois nos ajudará a programar, planear, cumprir e vencer.

Os homens e mulheres que se têm mantido ao leme de uma nação pequena mas, apesar de tudo, ainda desejosa de viver mais do que apenas sobreviver, merecem o nosso respeito mas, mais do que tudo, o nosso apoio. Esses homens e mulheres são a evidência que podemos ser o que não temos sido, um bloco coeso e mobilizado no sentido de obter um bem comum, apesar das diferenças de cada um, apesar das origens de cada um, apesar das limitações de cada um. Está na hora do tuga deixar de ser o pequeno e mesquinho coitado aqui no fundo da Europa e ser pequeno, como dificilmente deixaremos de ser, mas grandiosos nos pensamentos e nos atos, no ser e no estar, no querer e no poder. Esta na hora de cada um ocupar o galho certo, na hora certa e com a competência certa. Está na hora de cumprirmos efetivamente, sermos efetivamente, estarmos efetivamente.

Está na hora de cá estarmos, em pé e em pé cá continuarmos, ipso facto…

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