Birds of Same Feather Flock Together

Assim poderiam ser classificados os banqueiros em Portugal, “Birds of Same Feather Flock Together”[1]. Mas também os médicos, os militares, os patrões em geral e outros grupos de exagerada influência em Portugal.

O significado em Português para esta expressão poderá ser qualquer um destes (tradução não literal):

  • farinha do mesmo saco
  • comem todos do mesmo prato
  • andaram todos na mesma escola

É fácil notar a carga negativa destas expressões, até porque normalmente só se aplicam a gente de quem não gostamos muito, com quem não concordamos ou que pertence a bandos com intuitos mais ou menos delinquentes. É mais que sabido que a união faz a força e isso nota-se pois os bandidos de quem muito se tem falado em Portugal não atuam sozinhos. Bandido atua em bando! Pessoas como Carlos Cruz, João Vale e Azevedo, Armando Vara, Macário Correia, José Sócrates, José Oliveira e Costa, Manuel Domingos Vicente, Isabel dos Santos, Ricardo Salgado, entre outros, que sempre se apresentaram ao país como pessoas honestas, simpáticas, benfeitoras ou contribuindo para o desenvolvimento local ou nacional do país, não atuaram sozinhas. Nunca atuam sozinhas. Elas são apenas o rosto de um grupo de gente “fixe” que acaba por se revelar, mais cedo ou mais tarde, como detentora da arte e o engenho de usar e abusar da lealdade e a confiança dos outros. Mas, noutra dimensão, poderíamos também aplicar esta expressão ao conjunto dos países do norte da Europa que continuam a insistir na obstrução ao acordo dos 27, no montante e termos, para definição das ajudas a atribuir aos estados membros que mais sofreram com a pandemia da COVID-19. No entanto há uma grande, muito grande diferença entre o comportamento do bando de países do norte da Europa, que apenas exigem aos países do sul rigor na gestão das ajudas, e o bando dos senhores doutores e engenheiros que em Portugal vão protegendo os seus interesses: os primeiros apenas defendem princípios e valores próprios de suas nações, os segundos são autores do cada vez mais popular Crime do colarinho branco, sugando tanto quanto podem as suas nações.

De facto, o ser humano tem-se organizado por grupos desde sempre. Quanto a isso pouco há a fazer. Ou talvez mesmo nada… Enquanto uns se organizam em grupo para trazer algum bem ao mundo, outros organizam-se em bando para trazer muito bem a si próprios. E quando nos juntamos ao bando a pensar no nosso próprio proveito, alguém será vítima, com certeza. Assim tem acontecido com os casos mediáticos da atualidade ou de tempos mais recentes. Quer a TAP Air Portugal, quer o BES (Banco Espírito Santo)[2] têm sido ninhos de víboras durante décadas que só agora estão a descoberto. Já sem falar no “caldinho” das operadoras de telecomunicações em Portugal, MEO, NOS, Vodafone, que acordaram recentemente num belo esquema de proveito mútuo em deterimento do consumidor[3]. E sem falar também no senhor António Mexia, que pelos vistos andou a mexer onde não devia[4] e que afinal em nada é diferente dos demais administradores, ou presidentes de administração de negócios monopolistas e sem supervisão, muito comuns em Portugal. Suspeitas já havia há muito mas em Portugal os bandidos são bons e conhecem muito bem os cantos à casa. Reconheçamos, há bandido de muito boa qualidade em Portugal. Ou então Português é, em geral, atado. Ou então Português prefere fazer de conta que não vê nem ouve para não ter muita chatice. Ou então Português pensa que é melhor ficar tudo no segredo dos deuses porque assim vai dar para todos. Contudo, o problema desta cumplicidade é que nunca dá para todos. Muitos, mas mesmo muitos são os lesados destes golpes “lesa humanidade”. Sim, a humanidade, no seu sentido mais lato e restrito, é que fica em causa…

Portugal peca pela enorme carência de concorrência limpa e transparente. Neste país, o monopólio de atividades económicas é uma regra que se mantém desde o tempo da outra senhora. Após a queda da outra senhora, continuam a céu aberto uma série de monopólios, agora encobertos pela existência de uma suposta Autoridade da Concorrência. Latifúndios como as telecomunicações, a banca, os seguros, a energia e o desporto pertencem a uns poucos bandos de gente bem articulada com as autoridades nacionais. A suposta concorrência é apenas isso mesmo, suposta. Os esquemas para ludibriar os Portugueses levando-os a acreditar que a concorrência é regulada, são ardilosos. Mas nem precisam de ser engenhosos porque Português é, por natureza, crente. Português acredita no Pai Natal, na Virgem Maria, no São João, no Santo António, no Luís Filipe Vieira, na Cristina Ferreira, na bifana e em muitas outras entidades divinas que por esse país fora transitam com contornos de inegualável graça e pureza. Por isso, a tarefa fica facilitada para esses bandos de pardais à solta que vão influenciando a economia deste país, tarefa essa apenas dificultada pela existência de bandos rivais cujo único objetivo é também o mesmo: captar mais monopólios. A coisa fica assim muito próxima daquela cena de gangada “a la Chicago” onde Al Capone era o grande senhor divino…

A nossa mesquinhez é diretamente proporcional à nossa pequenez. Mas afirmo sobre Portugal o que afirmo sobre todos os países terceiro-mundistas: se o povo é feliz assim, deixa estar! Até porque, volto a dizê-lo, quem nasceu para 5 não dá 10…

  1. E porquê este título em Inglês? Porque estamos inseridos num grande grupo que se chama União Europeia onde a língua oficial comum é o Inglês. Devemos tomá-la como segunda língua portanto. Logo a seguir à língua-mãe.
  2. Agora Novo Banco.
  3. Referência à acusação da Autoridade da Concorrência, ler aqui.
  4. Referência ao processo que pode ler aqui.

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