Este homem não toca piano, não faz bordados e não fala Francês. Este homem é uma vedeta do espetáculo. É uma star dos tempos modernos, deste nós que somos o que somos neste jardim à beira-mar plantado…
Merece ser condecorado pelo nosso simpático presidente? Claro que sim. Somos tão pequenos em tudo que quem sobressai merece ser condecoradíssimo para servir de motivação aos restantes. E os restantes são tão mesquinhos nos seus seres e nos seus estares que nada trazem de proveitoso a esta terra, embora eles pensem que sim. Não é nada, não é nada mas é gente como Jorge Jesus, Cristiano Ronaldo, José Mourinho, Jorge Mendes, Figo, Eusébio que nos leva à Hollywood deste mundo global onde todos desejamos ansiosamente brilhar. Oh, porra[1]! Só disse nomes do futebol! Porque será? Talvez porque sou aquele bronco que só lê jornais desportivos. Que não leio! Aquele troglodita convencido que o mundo é futebol e o resto é paisagem? Nem sequer vou aos estádios! Então, não há mais vedetas de outras disciplinas neste país?

Se perguntarmos ao comum cidadão Português que vedetas ele conhece que projetem o nome de Portugal além-fronteiras, não serão muito diferentes dos que eu listei. Somos pequenos, temos a mania que somos grandes porque descobrimos umas terras por aí fora e estamos altamente equivocados sobre a nossa dimensão. A nossa dimensão é a que gente como Jorge Jesus nos dá. Homem de palavra obtusa que luta por aquilo que ama, o futebol. Que se auto-desenvolve para ser grande no cenário em que pretende atuar. Que aguenta pacificamente as maldades do futebol, sejam elas no Sport Lisboa e Benfica ou no Sporting Clube de Portugal. Que embarca rumo ao Brasil onde Português é assunto de anedota. Onde Português ainda é a causa de todos os males Brasileiros, quase 200 anos depois de termos abandonado o território[2]. Onde Português é o bananas que vai na conversa do “e aí irmão? Sou descendente de portuga…” quando se trata de fugir do Brasil e entrar na União Europeia. Onde o povo tá convencido que, se há que exportar treinadores, só há um sentido: do Brasil para fora!
Jorge Jesus vive do futebol. Para o futebol. E é um homem de luta. Um show man como qualquer outro que adora a palavra milhão. Milhão de euros. Milhão de reais. Milhão de qualquer coisa que faça dele um homem feliz. Que faça dele alguém reconhecido pelo seu próprio povo que, diga-se em abono da verdade, o tem tratado muito mal. Isso, tuga adora tratar mal os seus, mais que os outros. E Jorge Jesus é Português, sente-se e afirma-se Português. E é sincero. Aberto. Direto. Nada politicamente correto. Vencedor! Vencedor onde os nativos vêem muito bem as misérias dos outros mas não vêem absolutamente nada das próprias, as misérias de duzentos milhões de transeúntes da vida portadores de analfabetismo, pobreza e tendências criminosas. Bem aí, na terra do futebol e do samba, Jorge Jesus foi rei…
Que os deuses estejam ao seu lado…
- Aprendi por experiência que em Angola esta palavra banal para os Portugueses é muito ofensiva para os Angolanos.
- A independência do Brasil foi em 1822.