George Floyd não é apenas uma vítima do racismo vigente há séculos nos USA. O homem é também uma vítima de uma raça, a sua própria, que apenas em casos pontuais soube ser e estar ao longo da história da humanidade…
O racismo não é um fenómeno exclusivo dos USA. Talvez o apartheid seja uma moda sul-africana, com posterior emigração para os USA, que nunca deixou de o ser mas racismo é mesmo uma caraterística intrínseca da humanidade. Ontem, hoje e muito provavelmente para sempre, o racismo é um ou mais dos elos que constituem o ADN humano do qual só nos livraríamos se a raça humana desaparecesse. “Racismo” é apenas a designação técnica que é usada para a agregação de vários comportamentos de ódio, raiva, inveja e outros, muito típicos no ser humano. O dizermos “racismo” apenas nos faz focar nesses comportamentos humanos num contexto de raças e seu relacionamento. E as raças são em geral identificadas pela cor da pele, embora haja outras caraterísticas físicas que nos compartimentam em raças. O problema é que essas caraterísticas não são só físicas, são também, chamemos-lhe assim, psicológicas. E cada raça tem a sua forma de ser e de estar neste contexto terráqueo que, volto a dizer, tem no seu topo a mais das cruéis espécies à superfície da Terra: o Homem!
A raça negra não pode ser ilibada de culpas na forma como tem atravessado a História do mundo. Tal como me parece que num divórcio a culpa nunca é apenas de um dos membros do casal, também nesta problemática do racismo a culpa não é apenas desta ou daquela raça. Usando as cores para simplicar a prosa, os negros são tão racistas quanto os brancos, quanto os amarelos, os vermelhos e outras cores que por aí proliferam[1]. Os negros não são apenas vítimas. São também geradores de violência, de discriminação, de injustiça, de instabilidade, de conflito… Os negros podem sempre argumentar que estavam muito sossegadinhos em África e os foram lá incomodar. Talvez! Mas nunca saberemos se hoje as coisas seriam diferentes se a raça branca, aquela que evoluiu mais depressa, não tivesse posto as suas naus sobre os oceanos em busca de outros continentes. O que sabemos é que em África, na profunda África, os comportamentos humanos que conduzem ao racismo já existiam. E ainda existem…
A sociedade Estado Unidense[2] é uma sociedade muito sui generis. Não adianta tentar mudar aquilo. É uma sociedade muito formatada pelo cinema, pelo “show business”, pelos heróis ao kilo, pela incomparável vontade de vencer, de ser bem sucedido, de se ser notado, de se ser dominante, enfim, de se estar muito bem em sintonia com a mais recente parangona sócio-política tão Estado Unidense quanto se possa imaginar: “America First!”. Mas esta parangona é uma coisa virada para o exterior. No interior, as coisas são para continuar como sempre estiveram, uma sociedade ultra estratificada com base num único critério: quem tem mais dinheiro, tem mais poder. E os negros nunca tiveram mais dinheiro logo nunca tiveram poder. Os negros são a parte pobre, como sempre foram, embora haja muito branco, amarelo e avermelhado também amargurando por aquele território que nunca mais acaba, onde há espaço que chegue para a convivência da diversidade muito à “Americana”. Não é por acaso que por aquelas bandas os negros não sejam classificados como Americanos. São Afro-Americanos…
Todos os negros (e outras cores) envolvidos nos protestos contra a morte de George Floyd perderam toda a razão e direito exatamente no momento em que começaram a agredir, queimar e pilhar de forma indiscriminada. Violência em nome da punição a um possível homicídio que tem que ser tratado como muitos outros do género, não pode ser tolerável. E que género de homicídio foi este? Para já, o género que resulta de excesso de zelo de um polícia que terá de responder e eventualmente pagar por isso. Lá, como aqui em Portugal e como em qualquer outra parte do mundo. Aquele polícia cometeu um crime? Tem que ser julgado e condenado se provada culpa. E tal como me incomodou o facto de muita gente de repente se converter em Charlie[3], também me incomoda que toda a gente agora se converta em George Floyd, principalmente sem primeiro analisar com a frieza requerida toda a problemática envolvente e envolvida neste suposto homicídio de um homem negro que, de repente, toda a gente quer santificado. Hélàs! Santificações e beatificações não são a minha praia. Hipocrisia, muito menos…
Haja justiça, espero, mas não espero mesmo nada que esta sociedade de vincado cariz Hollywoodesco altere uma simples vírgula do texto com que se descreve a sua História…
- A minha passagem por outros países de outras raças permite-me falar assim, com conhecimento de causa: Brasil, México, Angola, China, India…
- A ideia aqui é evitar a designação “Americana” pois americanos há muitos, não só os dos Estados Unidos. Embora me pareça uma coisa muito brazuka, fica assim…
- Referência ao Massacre do Charlie Hebdo.