Está na moda. Temos que ver tudo a 360 graus. Mesmo que 94.5% da população mundial não saiba o que é essa treta dos 360 graus. Pudera, para se saber isso é necessário ter assentado o cu durante algum tempo nos bancos de alguma escola secundária para sabermos que uma circunferência tem 360 graus e que por isso mesmo tanto grau assim significaria que para vermos tudo à nossa volta teríamos que poder rodar a nossa cabeça uma volta completa.
Mas um ser que que consegue rodar tanto grau, uma volta completa, só me lembro daquela garota engraçadinha do Poltergeist, um filme de merda que eu nem vi na totalidade onde ainda por cima a miúda vomitava matéria verde a uma distância que nem os campeões de ejaculação à distância conseguem. De facto, 360 graus é contra-natura, não estamos preparados para tanto.
Avaliação a 360 graus é uma merda inventada por meninas e meninos da catequese ao domingo que acreditam que a cegonha é o maior progenitor do mundo. Consiste essencialmente em cada um de nós, pobres merdas deste mundo que tresandam a vulgaridade, avaliar tudo à nossa volta: nós mesmos, nossos colegas, nossos subordinados, nossos chefes, nossos sei lá quem e ainda outros que não cabem nos grupos previamente mencionados. Enfim, mais uma treta dos modernos conceitos de gestão empresarial com os quais as pessoas se acham no direito de se auto-intitularem “cool” e muito “in”.
Estão a ver né? Um vulgar modesto e tímido trabalhador que caga a cueca só porque o seu supervisor ocasionalmente lhe dirige a palavra, encontrar-se na situação em que tem de avaliar esse mesmo suervisor que o faz cagar a cueca. Cruel, eu diria. Portuga tem tanto medo de dirigir a palavra ao seu supervisor como tem de coragem para o avacalhar completamente no café central com os amigos enquanto devora uns caracóis e uma bejeka ou duas. Portuga é mesmo isso, inteligente que nem deus do olimpo mas incapaz de perceber o que é essa modernidade da avaliação a 360 graus. Mania, não podiam inventar uma coisa menos geométrica?
Tuga sempre acha que colega é falso e está ali para lhe tomar o lugar e ainda que o chefe só está naquela posição porque comeu a chefe ou foi enrabado pelo chefe dele. Portuga é mesquinho e maldizente. É mesquinhamente maldizente e maldecênciamente mesquinho. Portuga detesta chefe e desconfia de colega ao qual quer a tempo inteiro passar uma qualquer rasteira em tempo útil e oportuno. Avaliar colega? Nota mínima pela certa e “oxalá as chefias leiam e considerem a minha avaliação”. Portuga é latino para o europeu central e ser estranho para o latino genuíno. Portuga só leva a sério essa dos 360 graus se isso lhe trouxer um aumento salarial nem que seja um euro apenas…
Que se pode esperar de um povo que pensa que precisa de dar uma volta completa na sua vida de 180 graus? Ou que para mudar o seu infortúnio tem de dar uma volta na sua vida de 360 graus? Apenas que os deuses se compadeçam…